Pandemia acelerou o processo de desenvolvimento de soluções e deve “ajudar” a fomentar ainda mais o setor
A Internet das Coisas (IoT) pretende promover uma revolução tecnológica nos próximos anos ao incorporar cada vez mais objetos do nosso dia a dia, como utensílios domésticos, automóveis e equipamentos em geral, com sensores, softwares e outras tecnologias na internet. O objetivo é conectá-los e trocar dados com outros dispositivos, fundindo o mundo físico com o digital.
Com o constante avanço do conceito, se multiplicam também as possibilidades do que podemos desenvolver em termos de tecnologia com base nessa interconexão. Esse processo trará um profundo impacto econômico, possivelmente a mudança mais substancial na produção de bens desde a Segunda Revolução Industrial. Parece até um pouco assustador, mas a IoT não é coisa de filme apocalíptico sobre robôs fazendo guerra contra a humanidade. Na verdade, ela é incrivelmente transformadora e tem gerado inúmeros benefícios para os seres humanos.
Estudo da McKinsey Global Institute estima que o impacto de IoT na economia global será de 4% a 11% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta em 2025 – algo entre US$ 3,9 trilhões e US$ 11,1 trilhões. Até 40% desse potencial deve ser capturado por economias emergentes. No caso específico do Brasil, a estimativa é de que esse vetor tecnológico seja responsável pela movimentação de US$ 200 bilhões até 2025 – US$ 39 bilhões diretamente no setor de saúde.
Essa fatia representativa da área é explicada pela contribuição direta que a IoT vem apresentando na condução de decisões e progressos de tratamento em pacientes nos últimos anos. Além disso, o recurso já se mostrou um importante elo para construção de estratégias de saúde pública pela sua capacidade de resolver problemas crônicos em um país de tamanho continental como o Brasil. Com o surgimento da Covid-19, o avanço do vetor tecnológico potencializou ainda mais.
Durante a pandemia, soluções com os mais variados objetivos foram criadas como, por exemplo, uso de drone para monitoramento de temperatura corporal e robôs inteligentes trabalhando na limpeza e desinfecção de áreas com alto grau de contaminação. Também foram inúmeros os exemplos de empresas que investiram no desenvolvimento de aplicativos conectados a diversos outros equipamentos para realizar o monitoramento remoto dos pacientes. Sem dúvida, esse ecossistema conectado de tecnologia vestível, sensores e softwares, têm ajudado a coletar e processar dados vitais para a informática na área de saúde, aumentando a qualidade do sistema.
Ainda que a tecnologia possa auxiliar as tomadas de decisões, ela não exclui o atendimento humano nas redes hospitalares. Jamais as máquinas substituirão as pessoas. Pelo contrário. Ao livrar médicos(as), enfermeiros(as) e administradores de hospitais de tarefas mecânicas e repetíveis – nas quais há mais possibilidade de erro – a IoT permite que a atenção às pessoas, conexões empáticas com o outro, escuta, conforto, atenção e tomada de decisões baseadas em fatores humanos sejam realizadas com maior nível de excelência.
A verdade é que a IoT é uma tecnologia recente e cheia de potencial. No futuro, muito mais soluções relevantes serão desenvolvidas com o propósito de melhorar a vida das pessoas. Vejo que essa grande revolução já começou e tem tudo para avançar. Com as máquinas conectadas trabalhando a nosso favor, certamente dias melhores para a sociedade virão.
Sobre o autor
Maristone Gomes é CEO da Salvus, startup de Recife/PE que idealizou o ATAS O2, plataforma IoT capaz de realizar o monitoramento automático do estoque e consumo do oxigênio medicinal em leitos hospitalares e home care.