O aumento dos casos de coronavírus na Europa ameaça as esperanças de uma recuperação rápida, quando várias regiões retomam medidas para controlar a doença.
Espanha, Alemanha e França registraram aumentos no número de pessoas infectadas com o vírus nesta semana. Ao mesmo tempo, várias empresas no continente anunciaram cortes de empregos devido ao impacto da pandemia em diversos setores, como viagens e hospitalidade, bancos e seguradoras.
Na Espanha, um dos países mais afetados do continente, ao lado da Itália, os casos diários subiram para 1.772 nas últimas 24 horas. É o número mais alto desde que o governo mudou a forma de compilação dos dados em 25 de maio, embora ainda esteja bem abaixo da cifra no pico do surto. O avanço foi liderado pelas regiões de Aragão e Madri.
A nova onda de casos não poderia ter vindo em pior hora para o setor de turismo do país, que foi duramente atingido. O destino de férias mais popular da Europa sofreu outro revés nesta semana, pois mais países seguiram o exemplo do Reino Unido ao impor restrições às pessoas que viajam para a Espanha.
A Suíça impôs quarentena de 10 dias a qualquer pessoa que retorne da Espanha, enquanto a Bélgica proibiu cidadãos de viajarem para a região da Catalunha, que decretou uma quarentena no mês passado para conter um surto.
As infecções diárias na Alemanha aumentaram acima de 1.000 na quinta-feira pela primeira vez desde meados de junho. O total de 1.285 novos casos foi o maior em mais de três meses, o que levou o ministro da Saúde, Jens Spahn, a apelar aos cidadãos para que respeitem as regras de higiene e distanciamento, incluindo o uso de máscaras em locais públicos.
Ele também anunciou que, a partir de sábado, a Alemanha vai exigir testes para pessoas que retornem de áreas designadas de alto risco, a menos que possam fornecer um resultado negativo recente. Os testes serão gratuitos.
“Esses últimos números mostram que a pandemia ainda não acabou”, disse Spahn em conferência de imprensa em Berlim. “O que preocupa é o aumento do número que víamos nos últimos dias e semanas”, acrescentou.
As infecções na França também aumentaram, apesar das regras que tornaram as máscaras obrigatórias em dezenas de cidades, incluindo Toulouse e Lille. A média móvel de sete dias de novos casos aumentou para mais de 1.000 na semana passada, pela primeira vez desde a primeira quinzena de maio. A média móvel ficou em 1.262 casos na quarta-feira, tendo mais do que dobrado nas últimas três semanas.
A propagação parece ter sido predominante entre jovens adultos que desrespeitaram as diretrizes antivírus. Na segunda-feira, o primeiro-ministro Jean Castex pediu aos franceses que mantenham uma disciplina antiCovid durante o verão para evitar um “novo bloqueio geral” no fim do ano.
O Reino Unido tem registrado o maior número de mortes relacionadas à Covid-19 na Europa, com mais de 46 mil falecidos, embora os casos confirmados pareçam estar se estabilizando, pelo menos por enquanto. Ainda assim, novas paralisações no norte da Inglaterra e no polo de petróleo escocês de Aberdeen destacam a situação precária, mesmo com os sinais de recuperação mais rápida da economia do que o esperado inicialmente.
Com a colaboração de Rudy Ruitenberg, Iain Rogers e Thomas Gualtieri.