Na corrida para encontrar uma vacina contra o novo coronavírus, cientistas americanos estão tomando atitudes drásticas. Segundo o MIT Technology Review, o pesquisador Preston Estep, por exemplo, sem ter feito nenhum teste em sua proteção contra a covid-19, ou sequer ter passado por um comitê de ética, criou uma vacina em um laboratório emprestado em Boston, nos Estados Unidos.
Estep tinha apenas um voluntário disposto a testar a eficácia o projeto: ele mesmo. Então Estep misturou todos os ingredientes e os colocou em seu nariz por meio de um spray nasal.
O geneticista de Harvard George Church, aquele que fez uma planilha de alterações para construir um superhumano, também tomou uma vacina do tipo, com duas doses separadas neste mês. Ele as recebeu pelo correio e misturou os ingredientes sozinho.
A vacina nasal pode criar uma imunidade da mucosa, o que pode ser importante para proteger contra o SARS-CoV-2, uma vez que o sistema respiratório é extremamente afetado pela doença, mas, ao contrário dos anticorpos sanguíneos, uma biópsia seria necessária para identificar sinais da imunidade da mucosa. Um processo um pouco mais dolorido.
Esses dois casos, por mais inofensivos que sejam, trazem repercussões legais em relação à ciência. Os cientistas correm riscos sérios de serem acusados legalmente, uma vez que as fases de testes para uma vacina não foram respeitadas.
Mas não são isolados e fazem parte do grupo Rapid Deployment Vaccine Collaborative (Radvac), criado em março, quando Estep enviou um e-mail para cientistas conhecidos a fim de avançar a predição do governo americano de que uma vacina demoraria de 12 a 18 meses para ficar pronta. Estep, no maior estilo “faça você mesmo”, identificou ali uma oportunidade de criar uma proteção mais rápida e independente.
Segundo o site oficial do Radvac, a vacina consiste em fragmentos do patógeno do vírus e segue um padrão chamado de subunidade, o mesmo usado em outras doenças, como a hepatite B. A empresa de biotecnologia Novavax, por exemplo, também está produzindo uma vacina do tipo.
De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) do dia 31 de julho, 26 vacinas estão em fase de testes e outras 139 estão em desenvolvimento. Das 26 em testes clínicos, 6 estão na fase III.
Alguns tipos de vacinas têm sido testados para a luta contra o vírus. Uma delas é a de vírus inativado, que consiste em uma fabricação menos forte em termos de resposta imunológica, uma vez que nosso sistema imune responde melhor ao vírus ativo.
Por isso, vacinas do tipo tem um tempo de duração um pouco menor do que o restante e, geralmente, uma pessoa que recebe essa proteção precisa de outras doses para se tornar realmente imune às doenças. É o caso da Vacina Tríplice (DPT), contra difteria, coqueluche e tétano. A vacina da Sinovac, por exemplo, segue esse padrão.
Outro tipo de vacina é a de Oxford, feita com base em adenovírus de chimpanzés (grupo de vírus que causam problemas respiratórios), e contendo espículas do novo coronavírus.
As outras vacinas em fases clínicas já avançadas também são baseadas em espículas, mas apresentadas em forma de RNA mensageiro, como as da Pfizer e da Moderna.
Mas como funcionam as fases de uma vacina?
Fase 1: é a fase inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de suas vacinas em seres humanos
Fase 2: é a fase que tenta estabelecer que a vacina produz sim imunidade contra um vírus
Fase 3: última fase do estudo, tenta demonstrar a eficácia da vacina. Para que uma vacina seja finalmente disponibilizada para a população, é necessário que essa fase seja finalizada e que a proteção receba um registo sanitário
Fase 4: a vacina é, por fim, disponibilizada para a população.
Fonte: Instituto Butantan