A pandemia do novo coronavírus jogou luz sobre um debate travado há anos no país: o uso de tecnologias e soluções digitais para otimizar processos, reduzir custos e aperfeiçoar a capacidade operacional das instituições de saúde. Embora ainda enfrentem localmente certa resistência regulatória e cultural do setor, as health techs – startups que desenvolvem tecnologias para o mercado de saúde – mostraram nos últimos meses a sua importância ao contribuírem com a rede pública e privada no combate ao vírus por meio de sistemas inteligentes que mapeiam zonas de risco, antecipam cenários críticos e agilizam tratamentos, entre outros.
Uma das áreas mais estratégicas das companhias, a gestão de estoque de insumos médicos ganhou os noticiários de forma negativa no início da crise, em março, quando a corrida por itens hospitalares relacionados à Covid-19 superou a capacidade de produção dos fornecedores, desequilibrando a cadeia de suprimentos dos hospitais de pequeno, médio e grande porte e provocando desde confiscos até a chamada “crise do abastecimento”. A partir daí, surgiram iniciativas para preencher essa lacuna descoberta pelo caos da pandemia.
Uma delas foi da Bionexo, que abriu seu marketplace digital para aproximar hospitais e fornecedores, agilizando o processo de compras e aproximando a tecnologia das instituições de saúde. Por meio de uma parceria com a Universidade de São Paulo (USP), a companhia também criou uma plataforma gratuita que auxilia hospitais públicos e privados na aquisição de suprimentos médicos, de modo a evitar desperdícios, estimular a colaboração e antecipar demandas e necessidades, abastecendo os estoques de forma efetiva na pandemia.
Dessa forma, as health techs vêm desempenhando um papel fundamental neste momento de pandemia, criando não apenas soluções digitais que auxiliam as organizações na gestão de suprimentos médicos, mas também democratizando o acesso de hospitais de pequeno e médio porte às tecnologias mais recentes de análise de dados e inteligência artificial. Nesse sentido, a pandemia pode ser encarada como divisor de águas entre as medicinas analógica e digital.