Para equilibrar a estrutura de capital, após aumento nos níveis de endividamento e baixa geração de caixa, sócios da holding de farmácias Brasil Pharma farão aumento de capital de R$ 400 milhões. O BTG Pactual, maior acionista da companhia, poderá desembolsar a totalidade dos recursos.
O aporte deve reduzir em mais de 60% a relação dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda) do grupo, calculam analistas. O Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor, antecipou em março o plano de aporte dos sócios. As ações ON da empresa registraram ontem alta de 7,95%.
O conselho de administração aprovou na quarta-feira a proposta de aumento de capital no total de 106,66 milhões de ações ordinárias, a preço de R$ 3,75 por papel, totalizando R$ 400 milhões. A operação será submetida à deliberação da assembleia geral extraordinária em 25 de abril. Fundos e empresas ligadas ao BTG vão comprar as ações que os sócios da BR Pharma não subscreverem. A Petros tem 10,6% das ONs e o volume de ações no mercado ("free float") é de 35,6%.
O aporte anunciado é superior ao estimado por analistas. A Brasil Plural calculava em R$ 300 milhões, e a Bradesco Corretora, R$ 360 milhões. Era esperado valor maior pelo papel e menor número de ações emitidas.
Na tentativa de reforçar confiança dos controladores na empresa, será atribuída como vantagem adicional aos subscritores de cada nova ação um bônus, a ser exercido em até dois anos após a emissão. Quem tiver o papel, terá o direito de pagar R$ 5,50 por uma ação. Na visão do BTG, o papel pode superar esse valor no curto prazo. Se não chegar nesse patamar, o investidor perde. A ação ON ontem fechou em R$ 3,80. Se apenas o BTG participar da capitalização, a diluição dos demais acionistas será de 29,38%. Considerando o exercício de bônus, 35,81%.
No fim de março, a BR Pharma admitiu que certas decisões estratégicas, como a elevação nos estoques, afetaram seus números. Despesas subiram, a geração de caixa caiu e indicadores de endividamento foram pressionados. A varejista informou, então, que a relação dívida líquida e ebitda foi afetada, e esse índice está previsto nas cláusulas restritivas ("covenants") assumidas com debenturistas. Pelo contrato, é preciso respeitar índice de 3 vezes na relação dívida líquida/ebitda, e esse indicador foi a 3,3 vezes em dezembro, ou seja, a varejista não cumpriu a cláusula. Se isso ocorrer dois trimestres consecutivos, debenturistas podem pedir resgate antecipado dos papéis, numa soma que poderia chegar a R$ 550 milhões.
Como os números do primeiro trimestre de 2014 não sentirão o efeito positivo do aporte, "a Brasil Pharma ainda pode precisar ter que pedir perdão ["waiver"] aos debenturistas para evitar a necessidade de pré-pagamento", escreveu em relatório Guilherme Assis, da Brasil Plural.
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