Empresas de sistemas especializados na área de saúde querem conquistar clientes com soluções que dispensam a impressão e o arquivamento físico de documentos, além de novas ferramentas para o diagnóstico laboratorial e por imagem. Segundo a consultoria Frost & Sullivan, o mercado de software para saúde cresce em média 14,8%, ao ano, no Brasil. No ano passado, gerou negócios de US$ 541,4 milhões e, até 2015, deve movimentar US$ 713,9 milhões no país.
"Na área hospitalar, há uma tendência de melhorar soluções compradas nos últimos anos, com o aperfeiçoamento de prontuários eletrônicos e mais alternativas para os departamentos de finanças", diz Luciano Regus, diretor geral da MV Sistemas, uma das líderes do setor. "Também verificamos interesse na compra de soluções para a eliminação do papel nas rotinas de trabalho e de mobilidade para médicos e enfermeiros".
Outro nicho de cliente que mostra expansão, segundo Regus, é o das organizações sociais, impulsionado pela cessão da gestão dos hospitais estaduais para instituições filantrópicas e privadas. Essas unidades estão comprando sistemas HIS (do inglês, Hospital Information System) para uma gestão mais adequada das operações.
"O mercado de operadoras de planos de saúde de médio porte, com 80 a 300 mil vidas, ficou desassistido nos últimos dez anos e também deverá passar por um forte processo de compra, no curto prazo", diz Regus.
Com sede em Recife, onde fica a sua principal fábrica de softwares, a MV Sistemas se especializou em sistemas de informação e consultoria para a gestão clínica e financeira. Dona de um faturamento na casa dos R$ 150 milhões em 2013, tem programas usados por mais de 100 mil médicos no Brasil, África e América Latina. Para manter os clientes na carteira, a estratégia é oferecer uma boa estrutura de atendimento, com um fluxo contínuo de novas versões de produtos.
"A implantação de um sistema requer processos de melhoria que precisam da assistência do fornecedor, o que aumenta a fidelização", explica. "Já o lançamento das novas gerações de soluções faz com que o cliente tenha um 'espaço para avançar' e continue fiel ao parceiro com quem está acostumado a trabalhar", afirma o diretor da MV.
A aposta mais recente da empresa é a Soul, uma plataforma para a gerência hospitalar, de planos de saúde e atendimento público. Integrada ao prontuário eletrônico do paciente, a plataforma promete utilizar o recurso da certificação digital para eliminar a impressão e a guarda física de documentos. A partir de maio, a empresa deve lançar novos itens relacionados a serviços on-line e de mobilidade.
"De 2012 para 2013 crescemos 70% e, em 2014, projetamos um aumento similar", diz Ricardo Auriemo, diretor da Touch Health, divisão da Touch Tecnologia especializada no desenvolvimento de software para o setor. A empresa paulista tem soluções distribuídas pela coligada Inovapar e clientes como a Amil.
Nos contratos recentes, Auriemo percebeu um aumento na demanda por projetos customizados. "A demanda por soluções sob medida cresce porque mais empresas percebem que o parque atual de software não é capaz de suportar melhorias operacionais", afirma ele. "Trabalham com soluções diferentes e muitas delas são defasadas e integradas de forma falha", diz.
O carro-chefe de vendas da Touch Health é o Motion MD, um sistema para diagnóstico laboratorial e por imagem. É usado no laboratório Dasa desde 2006 e opera com cerca de sete milhões de exames ao mês. Recentemente, fechou uma parceria para fornecer a solução para o SalomãoZoppi Diagnósticos.
Para cuidar dos contratos regionais, a Touch Health nomeou representantes em cidades como Sorocaba (SP). Um dos clientes no município é o Ambulatório Médico de Especialidades (AME), inaugurado em 2013 com a expectativa de atender 175 mil pessoas ao mês. Nos próximos meses, a desenvolvedora deve focar esforços também na venda de soluções on-line para logística na saúde.
A multinacional belga Agfa HealthCare está trazendo para o mercado brasileiro o Orbis, solução para gestão clínica usado em mais de 900 instituições na Europa. Segundo Robson Miguel, gerente de vendas IT da empresa no Brasil, o mercado quer migrar para uma rotina digital nos serviços de diagnóstico por imagem. A marca oferece digitalizadores compactos, para registros em raio-X, além de softwares que gerenciam o trabalho da radiologia, com o armazenamento de exames.
Há pouco mais de dois anos, a Agfa comprou a WPD, fornecedora de sistemas de TI na área da saúde, de Recife. Além de ampliar o portfólio de produtos, a aquisição faz parte de um plano da companhia para transformar a unidade brasileira em um centro de inovação na América Latina.
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