Nove entre dez empresas nacionais de equipamentos médicos são de pequeno e médio porte. Apesar de ser muito atrativo como mercado, o Brasil ainda tem inserção competitiva modesta na indústria da saúde, que lida com tecnologia sofisticada e é dominada por países desenvolvidos. Em torno de 50% das vendas mundiais de equipamentos são realizadas por empresas americanas, 30% por europeias e 10%, por japonesas. Nesse cenário, obter financiamento público pode fazer a diferença entre prosperar ou fechar as portas. Diversos projetos apoiados pelo BNDES em segmentos estratégicos têm se mostrado viáveis e podem contribuir com a redução da dependência brasileira de produtos importados.
"As maiores oportunidades estão nos segmentos onde as empresas brasileiras têm melhores condições de competir: equipamentos eletromédicos e implantes, principalmente os projetos de média complexidade tecnológica", diz o chefe do departamento de produtos intermediários, químicos e farmacêuticos da instituição, Pedro Palmeira. Na avaliação dele, um dos maiores desafios das empresas nacionais talvez seja o de competir em um mercado cuja tendência é oferecer soluções cada vez mais integradas.
Desde 2004, o banco investiu R$ 5,6 bilhões em 110 projetos do complexo industrial da saúde, dos quais R$ 191,4 milhões em equipamentos médicos. Em 2013, um edital aprovou financiamento de R$ 544 milhões para 45 planos de negócios em quatro linhas temáticas: além das duas mencionadas, mais as de diagnósticos e de tecnologia de informação e comunicação para a saúde.
Um dos projetos financiados pelo banco, no valor de R$ 6,5 milhões, é o de um aparelho especial de raios X criado pela Gnatus, empresa brasileira que é referência internacional em equipamentos odontológicos, com sede em Ribeirão Preto (SP). "Desenvolvemos uma tecnologia de filmes fluorescentes de fósforo e leitura a laser, inovadora em termos mundiais, que utiliza uma lâmina flexível para ler a imagem da boca do paciente e enviá-la para um computador", conta o diretor Carlos Banhos. Entre as vantagens do sistema está a melhoria na qualidade de imagem, a redução em até dez vezes na dose de radiação emitida e a eliminação do descarte de metais pesados, pois a lâmina é reutilizável. O equipamento, desenvolvido em parceria com o Instituto Atlântico, de Fortaleza, será lançado no início de 2015.
Outra beneficiária de investimento do BNDES e da Finep - empresa pública de inovação e pesquisa - é a MMOptics, que recebeu R$ 3 milhões para desenvolver um tratamento de câncer de pele com fototerapia dinâmica. "O equipamento emite luz ultravioleta e seu uso é associado a um creme que contém duas drogas fotossensíveis", conta o diretor Luiz Antônio de Oliveira. "Depois de três horas de aplicação, as células cancerígenas absorvem o princípio ativo e ficam de cor vermelho-brilhante; isso permite ao oncologista identificar a dimensão do tumor e, em seguida, aplicar uma luz vermelha que produz uma reação química para oxidar e matar as células."
Utilizado desde o ano passado em um projeto-piloto em cem centros de saúde no país, o tratamento tem índice de cura de 94% a 96% e já beneficiou 4 mil pacientes. A partir de maio o equipamento será distribuído na América Latina pela empresa mexicana TruBios.
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