Uma boa receita
07/04/2014 - por Por Dauro Veras | Para o Valor, de Florianópolis © 2000 – 2014. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído

O Brasil é um destino promissor para corporações que atuam com produtos e equipamentos de saúde. Com 13 mil empresas que faturam R$ 16 bilhões e crescem em média 10% ao ano, o país ocupa a sétima posição nesse mercado, atrás apenas da China entre os emergentes. Grandes grupos multinacionais têm realizado aquisições e implantado fábricas no país para apoiar suas estratégias, o que abre oportunidades para fornecedores locais. O crescimento da demanda por bens e serviços de saúde se deve em parte à elevação da renda e à sua melhor distribuição. Outro motivo é o envelhecimento dos brasileiros. As doenças crônicas e degenerativas, que requerem mais equipamentos de diagnóstico e tratamento precoce, já correspondem a dois terços das enfermidades no país.

"Temos 14 milhões de idosos e daqui a seis anos, esse número vai duplicar", diz o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares (Abimed), Carlos Goulart. "A ascensão social faz com que a população se torne mais exigente e busque qualidade de vida, o que interessa às grandes empresas." Em sua avaliação, há grande espaço para crescimento da atividade, que se caracteriza pela diversidade de indústrias e produtos, por um curto ciclo de inovação - 18 meses em média - e intensa troca comercial entre países.

Hoje o Brasil está em 17º lugar no ranking dos importadores de equipamentos médicos e em 35º entre os exportadores. Nos últimos seis anos, os gastos com saúde no país aumentaram em um ritmo anual médio de 15%, e com produtos, 10%. Pouco mais da metade das compras têm sido feitas pelo setor privado, cujo número de usuários dobrou entre 2000 e 2012, passando a 50 milhões de pessoas. O Sistema Único de Saúde (SUS), o maior de saúde pública do mundo, também está no radar dos fabricantes, que disputam o atendimento das demandas de instituições federais, estaduais e municipais.

É o caso da americana GE Healthcare, que há quatro anos iniciou um programa de investimentos para nacionalizar produtos. Em 2010, a corporação comprou uma fábrica de aparelhos de raios-X em Contagem (MG), onde planeja investir R$ 75 milhões até 2018. Nos últimos dois anos, adquiriu a XPro, que atua com cateterismo cardiovascular, e a Omnimed, fabricante de monitores das funções vitais. "O governo responde por 55% do mercado de diagnóstico por imagens e está buscando equipamentos robustos para cobrir mais áreas do território", diz o vice-presidente da empresa para a América Latina, Daurio Speranzini Júnior. "Estamos dando acesso à população de outras regiões a equipamentos antes disponíveis apenas nos grandes hospitais privados". As prioridades da GE para 2014 incluem uma nova aquisição de empresa e a ampliação da produção nacional.

A Philips Healthcare também considera o Brasil um mercado estratégico. "Nossa ideia é transformar o país em uma plataforma de exportação para o continente", diz o vice-presidente para a América Latina, Vitor Rocha. Entre 2007 e 2010, o grupo adquiriu quatro empresas da área: a VM Sistemas Médicos, líder em equipamentos e sistemas de diagnóstico por imagem: a Dixtal, um dos principais fabricantes brasileiros de aparelhos de monitoramento de pacientes; a Tcso Informática e a Wheb Sistemas, focada em informação clínica. Em janeiro, a Philips lançou um aplicativo de gestão hospitalar que dá acesso às informações do paciente por meio de dispositivos móveis.

Nos próximos dois anos, a Johnson&Johnson Medical Brasil pretende lançar 26 novos produtos de tecnologia médica no país. Um grampeador cirúrgico que substitui a sutura manual de tecidos será fabricado pelo laboratório público Fundação para o Remédio Popular (Furp), por meio de um acordo de transferência de tecnologia. Entre os outros produtos estão um fio cirúrgico com "âncoras" microscópicas, um bisturi que reduz o sangramento dos tecidos e um cateter para tratar arritmia cardíaca. "Temos um projeto de expansão para levar a presença da nossa tecnologia para outras regiões", diz o presidente Márcio Coelho. Até junho, a J&J inaugura no Recife um centro de formação profissional para treinar mil profissionais por ano.

A americana Varian Medical Systems, líder em dispositivos para tratamento de câncer, também pretende investir na formação de médicos no Brasil. Seu plano é criar um centro de treinamento para o uso de tecnologia avançada em radioterapia. Os equipamentos da empresa estão presentes em várias instituições de referência como o Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro, o Hospital Israelita Albert Einstein, o Hospital Sírio Libanês e o Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.

Também na área de equipamentos para combate ao câncer, um investidor de grande porte no país é a Siemens. Em agosto de 2013, o grupo alemão inaugurou em Joinville (SC) uma fábrica de R$ 50 milhões, onde produz aparelhos de raios-X, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Entre as inovações tecnológicas fornecidas pela empresa está um mamógrafo que capta imagens em 3D, possibilitando diagnósticos mais precisos.

A St.Jude Medical Brasil, de origem americana, tem uma unidade industrial em Belo Horizonte, onde fabrica quatro linhas de produtos: válvulas biológicas para cirurgias cardíacas, feitas com tecido suíno e bovino; próteses para corrigir problemas no coração; neuroestimuladores para tratar dor, e equipamentos de eletrofisiologia para eliminar arritmias. Entre 90% e 95% da produção vão para o mercado externo. "Daqui a um ano, vamos lançar no Brasil o primeiro marcapasso do mundo sem eletrodo (fio)", diz o presidente Kurt Kaninski. Ele afirma que a empresa está aberta a fazer novos investimentos.

A adoção de soluções integradas envolvendo tecnologias da informação e comunicação é outra forte tendência. Em junho de 2013, o Pró-Cardíaco, hospital privado do Rio de Janeiro, instalou um recurso pioneiro no país: a sala híbrida, um centro cirúrgico de 77 m² que combina o uso de diferentes equipamentos para exames e atendimentos complexos. Um sistema de monitores de áudio e vídeo de alta resolução possibilita o acompanhamento das cirurgias a distância. "Quanto mais rápido o reconhecimento e intervenção, melhores são as chances para o paciente", diz o diretor do hospital, Marcus Martins.

 


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