Pulmões criados com a tecnologia de impressão 3D serão utilizados na luta contra o novo coronavírus. O Instituto Wistar, em parceria com a startup americana Allevi, criarão versões impressas em três dimensões do órgão mais afetado pela doença para entender melhor como ela atinge o corpo humano.
Os pulmões serão desenvolvidos pela Allevi, que é especializada na criação de modelos de órgãos e tecidos humanos, e estudados pelos cientistas de Wistar nos casos de covid-19. A ideia é investigar os mecanismos que infectam as pessoas e descobrir formas em potencial para bloquear certos efeitos da doença.
Em um comunicado enviado à imprensa, a vice-presidente da área de Ciências a Allevi e uma das principais pesquisadoras do projeto, Taciana Pereira, afirmou que “acredita que os cientistas de todas as áreas precisam se unir agora para resolver essa crise”.
Em abril deste ano, um vídeo mostrou como o coronavírus afeta os pulmões humanos. Por meio de um vídeo tridimensional, o diretor de cirurgia torácica Keith Mortman demonstrou como o vírus afeta os pulmões do paciente. O vídeo foi feito utilizando tomografias digitais de um homem de 59 anos de idade, com quadro de hipertensão. Os danos são destacados em amarelo e, de acordo com o cientista, é uma característica marcante para os casos de covid-19.
Uma tecnologia parecida foi adotada no laboratório National Emerging Infectious Diseases Laboratories (NEIDL), da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, para entender porque o SARS-CoV-2 é fatal em alguns casos. Por lá, pequenos pulmões artificiais que imitam o órgão humano foram criados e os cientistas, que usam três luvas e respiram por meio de tubos para proteger os pequenos pulmões, os infectarão com o vírus.
De acordo com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), a reação dos pulmões à covid-19 poderá explicar os estranhos e mortais efeitos da doença. Para isso, é preciso entender como o corpo das pessoas responde. A ideia dos organoides (órgão artificial feito em laboratório com células-tronco) é ajudar a entender onde os efeitos do SARS-CoV-2 são mais latentes — o que pode ajudar até na criação de novos tratamentos.
Na semana passada, um estudo britânico mostrou que a dexametasona, um anti-inflamatório corticosteroide que também é utilizado em crises de asma e também por alpinistas no combate aos efeitos da falta de oxigênio em altas altitudes, reduziu em até um terço o risco de morte dos pacientes entubados usando respiradores mecânicos; e em um quinto para pessoas que estavam recebendo oxigênio suplementar por causa do coronavírus. Segundo O’Day, a descoberta corrobora com os estudos sobre tratamentos complementares contra o vírus.
Outro tratamento anti-inflamatório, chamado de EDP1815, foi testado em pacientes com psoríase (doença na qual células de pele se acumulam e causam coceira e irritação) e apresentou resultados que podem ajudar pessoas também em estados iniciais do novo coronavírus.
Mais 9 milhões de pessoas estão infectadas pelo vírus no mundo e 484.085 morreram, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins. Os Estados Unidos são o epicentro da doença, com 2.394.697 doentes e mais de 122.172 mortes. Em segundo lugar no ranking está o Brasil, com 1.188.631 de infectados e 53.830 óbitos.
Nenhum medicamento ou vacina para a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.
Segundo o relatório A Corrida pela Vida, produzido pela EXAME Research, unidade de análises de investimentos e pesquisas da EXAME, as pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina já contam com o financiamento de pelo menos 20 bilhões de dólares no mundo. Desse valor, 10 bilhões foram liberados por um programa do Congresso dos Estados Unidos. Mais de 136 vacinas estão sendo desenvolvidas atualmente.