A distribuidora de medicamentos e itens de higiene pessoal Profarma estuda fazer aquisições no segmento de varejo fora do Rio de Janeiro. O objetivo da empresa é ampliar a fatia dessa área de negócio nas vendas totais da companhia de 15% para 30%, em até três anos. A estratégia recebe impulso, agora, de duas operações: aumento de capital e a entrada de um novo sócio, a AmerisourceBergen.
"Entramos no ano passado no varejo, através de duas redes no Rio de Janeiro [por meio da aquisição da Drogasmil/Farmalife e Tamoio]. Temos a visão de entrar em outros Estados através de aquisição. Nosso crescimento, nessa divisão de negócio, será um misto de crescimento orgânico e aquisição", disse o diretor de relações com investidores da Profarma, Maximiliano Fischer, ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real doValor.
Parte dos recursos para turbinar a expansão será proveniente de um aumento de capital, de até R$ 335,6 milhões. Desse total, a gigante americana de distribuição de medicamentos AmerisourceBergen se comprometeu a injetar cerca de R$ 190 milhões, por meio de subscrição de ações que serão cedidas pela BMK Participações, controladora da Profarma. Ao fim da operação, previsto para o segundo trimestre, a americana terá de 17,6% a 19,9% da Profarma.
O acordo firmado entre as duas empresas, divulgado ontem, prevê a criação de uma joint venture, chamada Profarma Speciality, com participação de 50% cada uma, na área de especialidades hospitalares (produtos de alto valor como os destinados para tratamentos oncológicos e próteses mamárias, entre outros).
A contribuição da Profarma para a joint-venture será representada pelas empresas do setor Prodiet e Arpmed, adquiridas pela companhia em 2011 e 2012. Já a norte-americana, líder mundial no segmento, contribuirá com dois aportes, além dos R$ 190 milhões: um primário de R$ 40 milhões e um secundário (por meio de aquisição de ações adicionais) de R$ 21,3 milhões.
Assim como o mercado de varejo, o segmento de especialidades hospitalares é considerado estratégico para a Profarma. As duas áreas têm margens e rentabilidade superiores às da atividade de distribuição de produtos farmacêuticos, negócio original da Profarma e que ainda responde por 70% do faturamento da empresa.Segundo Fischer, o negócio de especialidades hospitalares responde por 15% das vendas da Profarma.
A AmerisourceBergen, por sua vez, também considera o acordo estratégico para sua entrada no mercado brasileiro. "Com uma visão de crescimento macroeconômico no longo prazo, demografia favorável e crescente acesso a serviços de saúde e especialidades farmacêuticas, o mercado brasileiro nos oferece uma tremenda oportunidade para expandir nossas ofertas internacionais", afirmou o diretor-presidente da companhia, Steven Collis, em comunicado ontem.
Com receita anual de US$ 88 bilhões no ano fiscal terminado em outubro, a AmerisourceBergen tem acordo firmado, em 2013, com a Walgreens, maior rede de drogarias dos Estados Unidos, e com Alliance Boots, distribuidora europeia de remédios, em que as duas últimas têm direito de adquirir 23% do capital da norte-americana.
Segundo Fischer, o acordo com a AmerisourceBergen anunciado ontem, porém, não teve nenhum envolvimento da Walgreens e da Alliance Boots, e é focado em especialidades hospitalares.
As ações da Profarma fecharam o pregão com alta de 9,44%, cotadas a R$ 19,37.
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