A disputa por talentos e mão de obra qualificada continua acirrada no país até mesmo em profissões bastante tradicionais. Seguindo uma forte tendência do mercado americano, contudo, as empresas no Brasil também já começam a aumentar a demanda por cargos relativamente novos, mais especializados e estratégicos. Em sua maioria, eles estão relacionados com o atual cenário da economia, principalmente nas áreas de tecnologia, saúde, recursos humanos e finanças.
De acordo com um levantamento anual realizado pela CTPartners, empresa global de recrutamento executivo, profissionais do segmento de tecnologia estão cada vez mais em evidência tanto pela complexidade cada vez maior de sua atuação quanto pela sua disseminação em toda a cadeia produtiva. "Eles atuam em empresas de todos os tipos e tamanhos, não somente nas que têm isso como o 'core business'", afirma Ana Cláudia Reis, sócia e responsável pela área de tecnologia da CTPartners no Brasil.
Nesse contexto, destacam-se posições como as de diretor de gerenciamento de risco/segurança cibernética e diretor de segurança da informação, ainda mais valorizadas após o caso Edward Snowden - ex-agente da CIA que denunciou um grande esquema de espionagem envolvendo o governo dos Estados Unidos. "Muitas organizações estão olhando mais seriamente para essa questão, buscando proteger suas informações e fortalecer sua segurança on-line", afirma Ana Cláudia.
Outros bem cotados são os executivos sêniores do chamado "mobile commerce", ou m-commerce. São eles que estruturam a plataforma de vendas em dispositivos móveis para o varejo como tablets e smartphones. Além disso, atendem companhias interessadas em oferecer seus serviços e produtos em canais diversos na rede e até mesmo por meio de um aplicativo próprio. "Junto a eles está o próprio diretor de e-commerce, que começou a surgir apenas no início dos anos 2000 e, mesmo não possuindo o nível de maturidade desejado, ainda é escasso no mercado", afirma.
A figura do cientista de dados também está ganhando força na estratégia empresarial e já é uma realidade inclusive no Brasil. Sua missão é transformar o enorme volume de informações captadas e disponíveis nas organizações ("big data") em vantagem competitiva. "Essa análise precisa dar suporte às decisões de negócios. Por ser novidade, a função pode ser ocupada por estatísticos, físicos, matemáticos, engenheiros e até equipes mistas, sempre com um viés em marketing", explica.
A tecnologia, cada vez mais presente na área de saúde, tem alavancado o diretor de estratégia na indústria farmacêutica. De acordo com Magui Castro, sócia e responsável pela área de "healthcare & life science" da CTPartners no Brasil, são eles que vão descobrir novas formas de ingressar com maior eficácia nos mercados globais. "Trata-se da integração entre marketing, TI e vendas. Isso leva em conta a apresentação de um medicamento aos profissionais de saúde, a criação da demanda por parte dos médicos e a conexão dos pacientes com essa informação", afirma.
Esse segmento também busca por executivos experientes em acesso ao mercado, o que significa garantir que o medicamento de uma determina empresa consiga chegar à população. "Para isso, é possível fazer acordos com órgãos governamentais e parcerias diversas", diz Magui. "É um profissional de marketing fortemente ligado à área médica - ou o contrário."
A indústria de serviços financeiros, por sua vez, passa a valorizar mais os executivos capazes de garantir que as empresas estejam dentro das normas e regulações, como os voltados às questões de compliance. Segundo os dados da CTPartners, o tamanho dessas equipes chegou a triplicar no mercado americano - e seus líderes tiveram aumento de até 25% nos últimos dois anos.
Com os holofotes voltados também para a gestão do capital humano, a lista dos mais valorizados para 2014, segundo a empresa de recrutamento, traz os diretores de recursos humanos em destaque. Vistos nas grandes corporações como profissionais estratégicos e parceiros dos CEOs no planejamento e na definição de metas de curto e longo prazos, esses executivos podem interferir diretamente na atração, no desenvolvimento e na retenção de talentos da companhia como um todo. "Na atual era do conhecimento, ter as pessoas certas - e treinadas da maneira adequada - permite uma vantagem sobre a concorrência que pode ser determinante para o sucesso da companhia", diz Magui.
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