Quem quer ser um bilionário?
18/03/2014 - por Por Fernando Torres

A popularidade de programas de TV como o que dá nome ao filme indiano "Quem quer ser um milionário?" ou ao "Show do Milhão", de Silvio Santos, ilustra como essa quantia sempre povoou a imaginação das pessoas, sendo que muitos planejam desde o início da carreira como alcançar "o primeiro milhão".

Na época da hiperinflação no Brasil, boa parte da população virava milionária por alguns momentos, até o governo cortar três zeros da moeda e acabar com a festa. Mas era um milhão "de mentirinha".

Logo depois do Plano Real, a marca de R$ 1 milhão ficou novamente difícil de ser alcançada para a maioria.

 

 

Mas passados 20 anos do Real, com uma inflação acumulada de 350%, e após a disparada dos preços dos imóveis nos grandes centros, qualquer pessoa que tenha um apartamento quarto e sala na zona sul do Rio pode se considerar um milionário.

Para aqueles que querem e gostam de se sentir ricos - ou mais ricos que os outros -, a meta perdeu o apelo.

A boa notícia para esse grupo que ficou frustrado é que a riqueza financeira - e a ganância - não têm limites conhecidos. Se o milhão se banalizou, o clube do bilhão por enquanto ainda reúne um grupo bem seleto de brasileiros.

E esse "petit comité" vem atraindo adeptos. Conforme a Revista Forbes, existem hoje 65 brasileiros com mais de US$ 1 bilhão, contra 46 um ano atrás e apenas 6 há dez anos.

Chama a atenção o fato de o clube ter crescido mesmo com o real se desvalorizando ante o dólar recentemente, o que torna mais difícil transpor o sarrafo.

Além disso, a lista certamente está subestimada. Como a maior parte das empresas brasileiras é de capital fechado, se torna um desafio para a equipe da Forbes encontrar todos os brasileiros bilionários.

Muitos dos que ingressaram na lista nos últimos anos abriram o capital de suas empresas ou venderam o negócio recentemente, quando foi possível quantificar o valor de um patrimônio que já existia.

Mas o mais interessante é que, com a lista crescendo, começa a ser possível traçar um perfil do tipo de brasileiro que "chega lá". E também comparar com a lista dos americanos que, diga-se, não tem banqueiros no topo.

A primeira dica. A maneira mais fácil de ser um bilionário é ser herdeiro de um bilionário. Dos 20 americanos e brasileiros mais ricos da lista da Forbes, cerca de metade herdou suas fortunas dos pais - embora muitos tenham contribuído para aumentá-la depois.

Essa constatação não deve lhe ajudar muito nessa encarnação, mas quem sabe na próxima você leva isso em consideração na hora de escolher sua família.

Para quem terá que seguir o caminho por conta própria, segue a dica número dois: trabalhando para uma empresa de um terceiro, suas chances são diminutas, para não dizer zero.

Empreender é a palavra-chave. Aposte em uma empresa, ou poucas empresas dentro de um conglomerado, e vá fundo.

A máxima de que você não deve colocar todos os ovos numa cesta pode lhe tornar um investidor bem-sucedido e garantir noites bem-dormidas. Mas dificilmente uma carteira diversificada lhe levará ao bilhão.

Casos de investidores profissionais que viraram bilionários - como os de Warren Buffett, Carl Icahn e George Soros - parecem ser exceção e não regra, a julgar pela lista.

Embora esse tenha sido o caminho de inúmeros integrantes, como Bill Gates (Microsoft), Larry Ellisson (Oracle), Mark Zuckerberg (Facebook), Jeff Bezos (Amazon), Francisco Dias Branco (M. Dias Branco), Walter Faria (Petrópolis), Andre Esteves (BTG) e Abilio Diniz (GPA), você não precisa necessariamente criar uma empresa quase do zero. Pode também comprar uma que já esteja em operação e torná-la maior. Muito maior. Esse foi o caminho de Jorge Paulo Lemann, Marcell Telles e Carlos Sicupira com a Brahma, que depois virou Ambev, Inbev e hoje é a AB-Inbev.

Importante: a empresa precisa ter alcance no mínimo nacional, mas de preferencial global.

Seu restaurante, salão de beleza ou pousada podem ser excelentes e lhe deixar tanto rico como feliz da vida, mas não vão lhe tornar um bilionário, a não ser que você crie uma rede nacional ou internacional deles.

Caso seu plano seja inventar um produto - ou inovar em um existente -, é bom que ele possa ser consumido não por centenas ou milhares de pessoas, mas por milhões. Lembre-se: um bilhão é um número com dez dígitos.

Antes de terminar, é preciso reconhecer que a maioria das pessoas não faz nenhuma questão de ser bilionária.

Mas daí a abrir mão de um bilhão tem uma distância. E essa lição de desprendimento foi dada semana passada pelo inglês Tony Hawken, que se divorciou da chinesa Xiu Li, dona de uma fortuna de US$ 1,2 bilhão, porque "cansou de ser rico". Saiu com 1 milhão de libras.

Fernando Torres é repórter de S.A..

E-mail: fernando.torres@valor.com.br


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