Como criar um mundo saudável?
Para Mark Bertolini, CEO da Aetna e keynote speaker da HIMSS 2014, é preciso que sistemas sejam construídos ao redor do paciente
17/03/2014

Reduzir os custos de saúde em um país como os Estados Unidos é um desafio iminente, ainda mais diante de um cenário com o aumento da incidência de doenças crônicas e falta de integração no sistema. Vencer todos esses problemas, com certeza, implica em uma grande transformação, o qual se parte de um sistema fragmentado para algo mais integrado, com o paciente no centro e a tecnologia como sua grande aliada. Esse foi um dos pontos chaves abordados pelo keynote speaker da HIMSS 2014 e CEO da Aetna, Mark Bertolini.

Bertolini citou dados de 2009, do Institute of Medicine, que mostram um sistema de saúde com gastos de 800 bilhões de dólares. “Cerca de 30% do que era gasto com saúde nos Estados Unidos era considerado desperdício”, afirmou. O bolo está composto por elementos desnecessários e nocivos ao sistema como,  por exemplo, as fraudes, ineficiência na prestação de serviços, preços inflacionados, custos administrativos e prevenção de falhas.

O gasto com saúde em relação ao PIB continua subindo.  Ao analisar a última década, percebe-se: em 2000, o montante era de 13,8%, em 2010, a proporção alcançou 17,9%, número este que se repetiu no ano seguinte.

No cenário de custos crescentes, se enfrenta ainda desafios com a manutenção dos doentes crônicos. Muitas vezes resultado dos próprios hábitos de vida dos pacientes, a quantidade de portadores dessas enfermidades aumenta em vários lugares do mundo e a expectativa para a população nos Estados Unidos parece ainda pior. Segundo o executivo, enquanto na China a estimativa é de que os doentes crônicos passem de 52 milhões no ano 2000 para 130 milhões em 2030, nos Estados Unidos, o salto será bem maior, de 125 milhões de pessoas em 2000 para 171 milhões em 2030.

Transformações
Para se criar um mundo saudável, segundo o executivo, deve se basear no alinhamento dos incentivos econômicos entre parceiros e prestadores, numa experiência mais simples e transparente para o consumidor e na construção de um sistema de tecnologia ao redor do paciente, os três elementos são a chave para a grande mudança.

Para Bertolini, a nova estrutura estaria composta no investimento em bem-estar; cuidar dos doentes crônicos e alinhar incentivos, ele chama de “o sistema de saúde na palma da sua mão”, com dispositivos que ajudam as pessoas a se cuidarem, – o executivo aproveitou  e apresentou um aplicativo desenvolvido por sua empresa, Aetna iTriage, que tem o propósito de ajudar o paciente no controle de uma doença crônica e bem-estar.  Outro elemento é a integração do cuidado, alinhando incentivos para hospitais, companhia de seguros e médicos.  Por último está a mudança econômica, que acordará os incentivos entre prestadores de serviço e parceiros.

No futuro proposto por ele, os produtos oferecidos pelos empregadores hoje mudariam para produtos com alta tecnologia, incentivando os pacientes a cuidarem de sua saúde de forma conectada e com ferramentas digitais; o modelo de negociação com os prestadores passa a um modelo entre parceiros onde todos ganham. E mais: “nossos clientes nos veriam como um investimento em sua saúde e segurança financeira”.

Por fim, o executivo enfatizou que é possível sim baixar os gastos em relação ao PIB, onde o modelo de pagamento será reorientado durante reforma, os crônicos receberam mais cuidados e se começará um jornada de 20 ou 30 anos rumo ao bem-estar.

* Bertolini se apresentou durante a HIMSS 2014, que ocorreu de 23 a 27 de fevereiro, em Orlando (EUA)





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