Após ser duramente criticado durante a primeira oferta de aquisição de ações da Dasa pelo empresário Edson Bueno, o conselho da empresa de medicina diagnóstica bateu o pé na tese da obrigatoriedade de uma segunda oferta. Diante do impasse, Bueno encaminhou o caso à Câmara de Arbitragem da BM&FBovespa, a quem caberá a decisão final.
A seu favor, Bueno tem um parecer de cinco renomados advogados, entre eles alguns ex-presidentes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que destacam que a primeira oferta já contemplou todos os minoritários e, portanto, não faria sentido outra operação com a mesma finalidade. Bueno e a ex-esposa Dulce Pugliesi já detêm 66,5% da Dasa. Os outros dois acionistas relevantes são os fundos Petros e Oppenheimer, com 20%.
Segundo o Valor apurou, um dos motivos que levaram os conselheiros a insistir na realização de uma segunda oferta é a possibilidade de o novo laudo de avaliação, que estabelece o preço justo da ação da companhia, ser baseado em balanços contábeis mais recentes, como o do último trimestre de 2013 ou dos três primeiros meses deste ano - períodos em que a Dasa deve apresentar uma melhora no resultado.
Após dois anos de uma profunda reestruturação que fez as margens despencarem, a companhia, dona de redes como Delboni Auriemo, começou a registrar evolução a partir do terceiro trimestre do ano passado. "Nossa expectativa é que a Dasa apresente resultados razoáveis no quatro trimestre, com estimativa de crescimento da receita de 14%, sustentada pelo cenário competitivo mais fácil no Rio de Janeiro", informa relatório assinado por Bruno Giardino, analista do banco Santander.
Porém, não é consenso que o novo laudo possa ser feito com dados distintos dos usados pelo Credit Suisse, que fez a primeira avaliação com base no resultado do terceiro trimestre de 2013. Caso os critérios sejam os mesmos, dificilmente haverá uma avaliação distinta. Além disso, para o conselho, aprovar um laudo diferente daquele que avalizou antes seria como dar um "tiro no próprio pé", diz uma fonte que prefere não se identificar.
O mercado enxergou essa postura de "independência" como uma forma que o conselho encontrou para recuperar sua imagem, que ficou arranhada na primeira oferta. Na ocasião, algumas atitudes foram consideradas pouco transparentes, como a contratação do Credit Suisse, banco que assessorou Bueno na venda da Amil, e o voto favorável do presidente do conselho, Romeu Côrtes Domingues, ex-sócio de Bueno, no laudo que avaliou o preço da ação.
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