A arte de se reinventar engajando toda a organização
Por Alexandre Hohagen
28/02/2014

Quais as necessidades latentes dos consumidores de hoje? Qual será o próximo negócio a revolucionar o mercado? Como ser o primeiro a surfar nessa onda? São muitas as questões que permeiam as decisões de negócios. Mais do que isso, são inúmeras empresas e líderes focados em achar a próxima grande lacuna a ser preenchida.

Claro que tudo isso é muito importante e pode ser a diferença entre o êxito e o fracasso de uma organização, grande ou pequena, mas a questão que gostaria de colocar aqui é diferente. Uma vez a tendência identificada, quem terá a coragem de mudar a direção dos negócios e fazer um novo planejamento?

A velocidade com que as mudanças acontecem hoje não tem precedente. A internet emprestou ao mundo dos negócios sua agilidade e em troca exigiu uma característica específica: adaptabilidade.

A criação de uma startup hoje pode ser a derrocada do seu negócio amanhã. O desenvolvimento de um aplicativo pode tornar a sua próspera empresa em algo obsoleto de um dia para o outro. É preciso muita atenção para se adaptar rapidamente.

Nesse cenário, o papel do líder é essencial. Ele é o capitão responsável por identificar a mudança que está por vir, preparar e ajudar tanto a equipe quanto a empresa a navegar em uma nova rota. Isso, claro, envolve uma boa dose de ousadia e sangue frio para tomar decisões difíceis.

A capacidade de se reinventar precisa ser mais uma característica pessoal do que uma habilidade a ser exercitada no momento que convém. Gestores serão aqueles que incentivarão os demais a também procurar soluções criativas para levar a organização ao próximo patamar e, ao se reinventar, desenvolverão iniciativas capazes de promover transformações positivas para os negócios ou para a comunidade. E é aí que errar é permitido, desde que com objetivos bem definidos e vontade de acertar. Além, claro, da capacidade de tomar medidas que corrijam a rota rapidamente, se necessário.

Na edição de fevereiro da "Harvard Business Review", Miles D. White, CEO da Abbott Laboratories, abre o seu artigo com uma frase de John Wooden, lendário treinador de basquete americano, que diz que "o fracasso não é fatal, mas a relutância em mudar pode ser". O texto também trata da importância de se reinventar no mundo dos negócios e traz reconhecidos exemplos, como o da IBM e o da Xerox.

O próprio Facebook, sob a liderança de Mark Zuckerberg, passou de uma ideia nascida em um dormitório de Harvard, para uma rede mundial com mais de 1.2 bilhão de usuários. De 2004 para cá, a história do Facebook passou por diversas guinadas, que talvez tenham passado despercebidas por grande parte das pessoas, sendo a principal delas o foco no mundo móvel.

Zuckerberg transformou a maior rede social do mundo em uma empresa primordialmente mobile. Como? Em dado momento ele definiu que todos os projetos e reuniões iniciariam com uma visão sobre o impacto daquela iniciativa em mobile. Esta clara priorização demandou dedicação extrema e a inspiração da liderança da companhia. Ele fez com que mais de seis mil funcionários de lugares e culturas diferentes não só seguissem, mas acreditassem em sua visão de futuro. Um futuro de mobilidade.

Isso exige sensibilidade e capacidade de adaptação da totalidade das estratégias da organização em torno de um objetivo claro, mas sem prioridades implacáveis. Hoje, mais da metade da receita do Facebook vem de dispositivos móveis. Isso não seria possível sem uma liderança forte e capaz de se reinventar e ajustar o foco da empresa.

Este é um exemplo claro da necessidade de reinvenção e da adequação da estratégia empresarial aos movimentos do mercado atual. A postura do líder tem influência direta sobre o restante do corpo de funcionários e sempre vejo como benéfico o estímulo ao exercício da renovação constante.

Vale lembrar que essa necessidade de se reinventar é algo que não está restrito aos executivos das empresas de tecnologia. Trazer a adaptablidade para o dia a dia dos negócios é importante também para os setores tradicionais, incluindo bens de consumo e serviços. Se os nossos clientes estão pedindo mudanças, mudemos!

Alexandre Hohagen é vice-presidente do Facebook para a América Latina


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