De 100 mil vidas atendidas para 1 milhão em uma semana. Essa é a experiência pela qual passa a Conexa, startup de telemedicina. Um dos vetores importantes desse crescimento é a telepsicologia, uma atividade já regulamentada desde 2018 e que está tendo um papel muito importante no suporte a profissionais de saúde e também das pessoas em isolamento. Confira o que diz a Coordenadora de Telepsicologia da Conexa, a psicóloga Christiane Valle:
Em uma semana, a Conexa, startup de Telemedicina, saltou de uma carteira de clientes de 100 mil vidas para 1 milhão. O crescimento acontece na esteira da pandemia do covid-19 alinhado ao papel importante que a tecnologia pode ter no enfrentamento dessa crise. Por reconhecer a importância da telemedicina no atual cenário da pandemia o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizaram em caráter excepcional o uso dessa ferramenta para atendimento de pacientes.
No contexto da telemedicina, existe uma atividade, os serviços dos psicológicos, que já são regulamentados desde 2018 pelo Conselho Federal de Psicologia e que agora estão tendo um papel fundamental, principalmente, em relação aos profissionais de saúde que estão na linha de frente da batalha contra o covid-19. Na Conexa, todos os clientes da área de saúde já existentes na carteira da startup passaram a contratar os serviços de telepsicologia para cuidar da saúde mental de seus colaboradores.
O burnout dos profissionais de saúde
Coordenadora de Telepsicologia na Conexa, a psicóloga Christiane Valle, conta, por exemplo, que a empresa foi contratada na semana passada para dar uma palestra on-line para 24 mil colaboradores de um laboratório, com objetivo de promover suporte emocional para esses profissionais. “Estamos vivendo um momento em que espirrar virou ameaça. Uma profissional que atua no laboratório contou que tem rinite alérgica e foi execrada por um paciente durante o atendimento no laboratório”, diz Christiane. Para dar conta do aumento da demanda, a Conexa ampliou o quadro de psicólogos em 50%. A equipe de 50 passou a ter 75 profissionais, por enquanto.
De acordo com Christiane, os profissionais de saúde estão apresentando quadro de burnout. “E não é para menos. Eles estão lidando com um lugar de medo que até então era desconhecido para os profissionais de saúde e para todos nós”, afirma. Médicos, enfermeiros, técnicos e atendentes de instituições de saúde estão em uma posição de muito risco, cumprem seu juramento de cuidar das pessoas, mas ficam extremamente ansiosos porque sabem que podem ser infectados e temem também por suas famílias”, diz.
O desespero diante do chuveiro quebrado
E não são somente os profissionais de saúde que vivem uma situação singular. Christiane conta que as pessoas em isolamento social por conta da medida de conter o contágio também estão precisando de um olhar diferente do psicólogo e ajuda para solucionar questões que fora do momento de pandemia não seriam problemas. Por exemplo, ao conectar-se para sessão usual com uma paciente de 72 anos e, portanto, inserida no quadro de maior risco de contágio, Christiane deparou-se com o desespero da paciente diante de uma situação de um chuveiro quebrado. “Ela estava em pânico com o fato de precisar sair a rua para buscar alguém para consertar o chuveiro, até eu acalmá-la, e orientar para que utilizasse o telefone”, diz.
Alta de transplante renal em meio a pandemia
Christiane e sua equipe também estão ajudando a resolver questões mais complicadas. Ela tem um paciente que foi contemplado na lista de transplante renal pouco antes da pandemia. O paciente é do Rio de Janeiro e fez o transplante em São Paulo. Tudo deu certo e ele vai ter alta hoje. Toda família está no Rio de Janeiro e não conhecem ninguém em São Paulo. “Nosso papel é acalmar a família e o paciente para que tenham condições de buscar soluções, como ficar em um apart hotel e comprar roupas pela internet”, afirma.