Amanhã, terça-feira, os cooperados da Unimed-Rio decidirão quem comandará a empresa nos próximos quatro anos. O pleito de 2014 é o primeiro em que o atual presidente, Celso Barros, terá um candidato da oposição. Ele assumiu em 1998 e comanda uma das maiores operadoras de planos de saúde do país, com 5.208 médicos. O cardiologista Claudio Sales, da chapa 2Opinião, encabeça o grupo opositor.
Além da presidência, a eleição definirá os integrantes dos conselhos diretivo, administrativo e técnico pelos próximos quatro anos, e o conselho fiscal, formado anualmente. Na última eleição, apenas 1.159 foram às urnas.
O presidente eleito comandará uma empresa que atua nas cidades de Rio de Janeiro e Duque de Caxias, com 1,2 milhão de clientes, e que teve faturamento bruto de R$ 3,545 bilhões e lucro líquido de R$ 51 milhões no ano passado.
Em campanha, a oposição centra seu discurso em transparência e resultado financeiro.
Claudio Sales, que está na Unimed-Rio desde 2002, propõe corte de salários de funcionários da cooperativa, simplificação dos resultados financeiros para "melhor entendimento" dos cooperados não familiarizados com o "economês".
Apesar de a oposição defender cortes nos gastos, no ano passado, o índice de sinistralidade, a razão entre custos médicos e faturamento, caiu 0,6 ponto percentual, para 72,1%. A queda, que na prática implica em custos menores para a cooperativa, foi provocada pelo aumento da rede própria e a taxa está em linha com o mercado.
A chapa 2Opinião tem 33 integrantes, que estão investindo R$ 60 mil na campanha.
Outra bandeira defendida por Sales é o menor gasto com marketing, o que inclui o patrocínio que a Unimed-Rio tem com o Fluminense. A empresa estampa sua marca na camisa tricolor desde 1999.
"O sócio-presidente [Celso Barros] disse, na última reunião, [que o patrocínio ao Fluminense] é de R$ 70 milhões. Esse é o terceiro maior patrocínio [master] do mundo, só fica atrás do Barcelona e do Bayern de Munique. Esses recursos poderiam ser revertidos para o cooperado", diz Sales, que ressalta não se opor ao patrocínio ao Fluminense, mas às atuais condições do acordo com o clube carioca.
Oficialmente, a Unimed-Rio não divulga o quanto investe no clube. A assessoria de imprensa da empresa informou que cerca de 3% do faturamento da empresa são direcionados a gastos com marketing, incluindo o investimento em esportes.
O presidente da Unimed-Rio, Celso Barros, em entrevista por e-mail, rechaça as acusações da oposição, diz que a empresa é transparente, seus balanços financeiros são auditados, e que a companhia está em expansão, com perspectivas de chegar a R$ 5 bilhões de faturamento neste ano e 2 milhões ao fim de 2018.
Torcedor do Fluminense declarado, Barros defende o patrocínio ao clube, afirmando que o acordo garante visibilidade da Unimed-Rio a um custo mais baixo do que seria para a compra de espaço semelhante em mídia.
"Sou tricolor com satisfação, mas, acima de tudo, gestor de um grupo que deve se situar entre as 150 maiores empresas do país. Imaginar que eu ajo como presidente apenas com o coração de torcedor é subestimar a minha capacidade de gestão", diz Barros.
Barros minimiza ter um candidato opositor. "A eleição é apenas uma etapa a mais a ser superada. Sempre acreditei que o que importa numa empresa são os resultados que ela produz e sua capacidade", diz ele.
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