A UnitedHealth, grupo americano de saúde dono da Amil, está negociando a venda de seus hospitais localizados no Nordeste e a carteira de planos individuais. O objetivo é vender todos esses ativos num só pacote, segundo o Valor apurou.
Ainda segundo fontes, a Unimed Fortaleza tentou comprar o Hospital Monte Klinikum, no Ceará, mas as conversas não avançaram porque a cooperativa médica não tinha interesse na carteira individual da Amil. Na negociação, a Amil chegou a oferecer a carteira de planos corporativos da região.
O BTG Pactual foi contratado para buscar compradores para os ativos da UnitedHealth. A informação foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim, de “O Globo”.
No Nordeste, o grupo possui também os hospitais Santa Joana, em Recife (PE), e a Promater, em Natal (RN). A Amil não conseguiu deslanchar nessa região do país e há alguns anos desacelerou os investimentos locais.
Atualmente, a operadora tem cerca de 280 mil usuários nos nove Estados do Nordeste - esse volume representa menos de 10% da base. A operadora conta com um total de 3 milhões de usuários de convênios médicos em todo o país.
Deste volume total, quase 500 mil usuários são de planos individuais, modalidade que gera prejuízo para a Amil. A maior parte das operadoras não tem interesse nessa modalidade, com o argumento de que o reajuste é controlado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Já os hospitais são, atualmente, um ativo bastante valorizado no setor de saúde devido à expansão das operadoras verticalizadas - que contam com rede própria de clínicas e hospitais - e ao interesse de investidores e fundos em montar holdings de serviços hospitalares.
Procurada pelo Valor, a UnitedHealth informou que não comenta rumores do mercado.
A venda de ativos é uma tentativa do grupo recuperar seus negócios no país. No ano passado, a Amil perdeu 480 mil usuários.
Desde que desembarcou no Brasil em 2012 para adquirir a Amil, a UnitedHealth não viu a operadora ter grandes resultados. Entre 2013 e 2016, acumulou perdas de mais R$ 720 milhões. Os ganhos obtidos em 2017 e 2018, de R$ 62 milhões, não compensaram os prejuízos. No ano passado, a matriz trocou a presidência e principais diretores da companhia, que fatura cerca de R$ 20 bilhões por ano.