Até o momento, dois pacientes de idades distintas já receberam o transplante
Em novembro, o Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) passou a realizar transplantes hepáticos. Até o momento, dois pacientes – um homem de 54 anos e uma adolescente de 14 anos – receberam os órgãos de doadores e mais quatro pessoas se encontram na lista de espera. Ambos os transplantados já se receberam alta e se consultam todas as semanas com a equipe de transplante no ambulatório do hospital.
O primeiro paciente a doação de fígado no CHN era portador de cirrose criptogênica – doença de causa desconhecida que resulta em insuficiência hepática crônica. Já a segunda, apesar de muito jovem, tinha diagnóstico e hepatite autoimune e já apresentava evidências de insuficiência hepática avançada, o que impossibilitou o sucesso do tratamento com imunossupressores.
A dra. Simone Vinhas, coordenadora geral do CTI do hospital, detalha as principais causas que levam à necessidade do transplante hepático: “São a cirrose hepática secundária, a hepatite do tipo C, o alcoolismo crônico e a doença hepática gordurosa não alcoólica. Esses pacientes são classificadores pela escala MELD para que seja avaliada a gravidade da doença apresentada e estimado o risco de mortalidade a curto e médio prazo. Dessa forma, a possibilidade de obter um novo órgão é estudada”, explica.
“Ainda não dispomos de uma máquina que funcione como um fígado artificial para permitir que pacientes sejam mantidos em condições clínicas estáveis em situações de insuficiência hepática grave – como é possível nos pacientes com insuficiência renal crônica, onde a hemodiálise é um tratamento eficaz para a insuficiência renal. Desta forma, os pacientes candidatos a transplante hepático não têm outra alternativa e precisam realmente do novo órgão para se manterem vivos. Além disso, após o transplante, com a recuperação da função hepática, vários sintomas que o paciente apresentava anteriormente são resolvidos, proporcionando a recuperação de sua saúde e mais qualidade de vida”, acrescenta Simone.
Com a eficácia dos novos medicamentos para tratamento da hepatite C e com a incidência crescente de obesidade e diabetes na população, tem aumentado em vários países o número de transplantes por doença hepática gordurosa e carcinoma hepatocelular. Estima-se que, nos próximos anos, esta também seja a principal indicação de transplantes no Brasil.