A polêmica oferta de compra de ações da Dasa pelo empresário Edson Bueno caminha para um novo embate. Nesta semana, duas questões vieram à tona e mostraram o quanto está fragilizada a relação entre Bueno e os conselheiros da maior empresa de medicina diagnóstica do país - dona de laboratórios como Delboni Auriemo.
Um dos pontos questionados é que a oferta em questão depende de aprovação do Cade. E, mesmo que Bueno obtenha aval positivo do órgão antitruste terá que aguardar a aprovação para exercer efetivamente seu poder. "Os direitos políticos do comprador que adquiriu participação por meio de OPA ficam suspensos até a aprovação da operação pelo Cade", informa regulamento da autarquia.
Segundo pessoas próximas à oferta, Bueno não chegou a fazer consultas prévias e informais junto ao Cade para avaliar os riscos de uma restrição baseado na premissa de que essa operação não envolve a inclusão de novos ativos à companhia. "Essa operação pode levar seis meses para aprovação. O Edson já teve outros casos avaliados no Cade", diz um investidor, que prefere não se identificar. No começo de dezembro, o Cade aprovou com restrições a fusão de Dasa e MD1, empresa de medicina diagnóstica fundada por Bueno. A companhia será obrigada a vender ativos com faturamento de R$ 110 milhões, por ano.
O segundo ponto é um comunicado assinado pelo conselho informando que Bueno é obrigado a fazer uma segunda oferta de ações, com novo laudo e sujeito à sanções se discordar.
Todo esse imbróglio gerou uma crise entre o maior acionista e o conselho da Dasa - que foi duramente criticado nesse processo devido a posturas consideradas pouco transparentes. Entre elas, estão a contratação do Credit Suisse (banco que intermediou a venda da Amil para UnitedHealth e que administra a fortuna de Bueno) para fazer uma avaliação da Dasa; o posicionamento ambíguo da Petros, cujo diretor de investimento sinalizou favoravelmente ao laudo de avaliação, mas não se habilitou para vender suas ações no leilão; o voto de Romeu Côrtes Domingues, presidente do conselho de administração, que segundo fontes, deveria se abster das decisões por ser muito próximo a Bueno.
Mas, segundo fontes do setor, relação entre o maior acionista da Dasa e o presidente do conselho estão estremecidas. Domingues teria sido pressionado por Bueno para vender seus papéis às pressas na véspera do leilão tendo em vista a baixa adesão dos demais acionistas. A premissa para que a OPA fosse concretizada era que Bueno conseguisse ao menos o controle da Dasa - item que posteriormente foi retirado do edital. Ainda de acordo com pessoas envolvidas na transação, Domingues chegou a pedir ao Itaú a liberação da escrituração de suas ações fora do prazo. Mas teve o pedido negado. As ações da família Domingues, que representam quase 3% da Dasa, estavam bloqueadas devido a um acordo de lock-up.
A confusão teria deixado o presidente do conselho bastante constrangido. Agora Domingues e seus irmãos têm dito a interlocutores que não venderão as ações por acreditarem que a longo prazo a companhia pode trazer ganhos. Porém, há quem diga, que o pedido de uma oferta estatutária é apenas uma forma que o conselho encontrou para melhor sua imagem que está arranhada e se resguardar de possíveis ações judiciais.
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