A gestora carioca DXA, há um ano à frente da administração dos negócios de Alex Atala, prepara a expansão dos negócios do chef de cozinha mais famoso do país. O projeto é levar para outros lugares do Brasil a "assinatura de Atala", diz Oscar Decotelli, sócio da DXA.

"Queremos expandir o método de cozinha e o conceito de comida de Atala, atingindo um público maior do que ele tem hoje", afirma Decotelli. O executivo conta que no último ano, "nosso reforço foi em aspectos de estratégia e na criação de processos financeiros, uma vez que a operação da cozinha já estava, obviamente, pronta." Nesse ano de arrumação de casa, diz ele, o crescimento do resultado do grupo foi de 60%.

Foi já sob a gestão DXA que Atala, em parceria com o empresário Facundo Guerra, reabriu no ano passado o tradicional Bar Riviera, na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação, na capital paulista.

Antes disso, foi realizada uma reestruturação em seu grupo e Atala comprou a participação de um sócio, ficando sozinho com seus negócios: os restaurantes D.O.M., internacionalmente reconhecido; e Dalva e Dito, com pratos inspirado nos "livros de receitas das mães". Ambos estão na cidade de São Paulo.

O que se tem claro no planejamento é que o D.O.M não é replicável. "Ele continuará apenas em São Paulo", diz Decotelli. O D.O.M. figura na lista da revista inglesa "Restaurant" como o segundo melhor restaurante da América Latina, só perdendo para o peruano Astrid y Gastón.

Já o Dalva e Dito pode eventualmente ser transportado para outras localidades. "O conceito desse restaurante pode ser levado para outros lugares, não necessariamente com esse mesmo nome", afirma o sócio da DXA. Atala não deu entrevista.

A parceria com Atala faz parte de uma área da DXA que negocia com empresas que querem profissionalizar a gestão, mas cujos donos não têm interesse em vender participação no negócio - pelo menos não agora.

Esse formato também pode ser uma porta de entrada nos negócios para a DXA no futuro. Se, por exemplo, um novo investidor fizer uma proposta pela empresa, a DXA poderá também ingressar como sócia, pelo mesmo valor.

"Se houver um novo investidor, a DXA pode transformar-se também em sócia, com a opção prevista em contrato", diz Gustavo Ahrends, sócio da gestora.

"Esse trabalho envolve também uma aproximação com os donos, que pode deixar tanto eles quanto nós confortáveis para uma sociedade mais à frente", diz o executivo.

Enquanto trabalha a gestão, recebe uma taxa de administração. Além dos negócios do chef, nesse formato a DXA também cuida da administração da Rent TV, empresa que aluga equipamentos eletroeletrônicos, como televisões e geladeiras, para hotéis e universidades. Essa empresa estuda uma capitalização.

A DXA conta hoje com R$ 250 milhões sob gestão, distribuídos em uma área de private equity tradicional (30%); crédito (30%) e de negócios imobiliários (40%). Nos investimentos em participações em empresas, a busca é por companhias com Ebitda entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões.

"No exterior é comum o trabalho de gestoras que preparam as companhias para serem investidas por fundos maiores", afirma Decotelli. "A ideia é fazer a empresa crescer e, quando ela atinge um Ebitda entre R$ 15 milhões e R$ 30 milhões, podem ser mais atrativas para outros tipos de fundos que serão capazes de fazer um novo trabalho nesse novo estágio da companhia", afirma.

Nesse último ano, a DXA analisou mais de 140 empresas e fechou negócios com cinco, incluindo Atala e Rent TV. A opção tem sido por aquelas que têm negócios relacionados ao setor de consumo.

A gestora tem hoje 70% da Zee. Dog, que vende produtos para cães. A DXA aportou recursos e foi uma espécie de âncora para a criação da empresa.

Em parceria com sócios estrangeiros, a Zee.dog entrega seus produtos em mais de 600 pontos de venda em 12 países. E, no ano passado, começou uma operação de varejo, com a abertura de um quiosque de vendas no shopping Leblon, no Rio.

A DXA possui ainda 50% de participação na holding de varejo It Brands, que reúne as marcas Uncle K, Bebê Básico, Alfaias e Área Objetos. O modelo do negócio é de franquias, com mais de 110 lojas em funcionamento, divididas entre as marcas.

A DXA tem ainda 20% da aceleradora de companhias 21212, que impulsiona e orienta a criação de novos negócios, bem como a busca por investidores e já fez o trabalho para mais de 30 empresas.

No segmento imobiliário, a DXA tem procurado oportunidades em carteiras administradas voltadas para a urbanização de áreas rurais, no retrofit comercial e também em fundos imobiliários dedicados a hotéis. No segmento de crédito, a especialização tem sido na gestão de fundos de créditos performados para empresas.

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