“Somos um business de cirurgia digital”
15/10/2019

A previsão de crescimento do mercado de cirurgia robótica é de US$ 24 Bi até 2025, de acordo com um estudo do Global Market Insights. Sertac Guzel, Diretor de Marketing da Verb Surgical, falou sobre essa oportunidade em passagem pelo Brasil. Verb Surgical é a joint venture entre a Verily, anteriormente conhecida como Google Life Sciences, e a Ethicon, divisão da Johnson&Johnson focada em instrumentação para cirurgias minimamente invasivas.

“O programa começou em 2012, quando a Johnson & Johnson estava definindo como abordar o espaço da cirurgia robótica. Começamos com o Stanford Research Institute International, reconhecido por sua experiência no campo das tecnologias pioneiras de robótica. Por volta de 2013, moldamos a plataforma da Verb Surgical usando o protótipo resultante desse trabalho. Em março de 2015, foi assinado um contrato de parceria colaborativa entre o Google e a Ethicon. Em dezembro do mesmo ano, foi oficialmente criada a Verb Surgical”, explicou Sertac.

A visão da empresa é criar uma plataforma inexistente no mercado, focada em cirurgia digital. Segundo o executivo, o maior desafio é justamente fazer algo diferente. “Nós não estamos tentando replicar algo que já existe.”

A plataforma está sendo projetada para integrar robótica, instrumentação avançada, visualização aprimorada, conectividade e aprendizado de máquina. O objetivo é desenvolver uma plataforma de cirurgia digital de ponta a ponta para equipar melhor os times de cirurgiões e salas de cirurgia com ferramentas que tornem as suas decisões guiadas por dados.

Através deste conceito, a Verb estará na vanguarda na área e redesenhará todo o processo. Durante a cirurgia, os profissionais terão acesso a informações sobre o paciente e tecnologias que podem predizer e prevenir adversidades no procedimento. Nos EUA, erro médico é terceira maior causa de morte, das quais se estima que 17% derivam de complicações cirúrgicas preveníveis.

No pós-cirúrgico, a instituição terá informações sobre como seus cirurgiões estão performando e realizará um comparativo por meio de informações parametrizadas e integradas a uma rede. Com isso a Verb planeja coletar dados em massa e estabelecer padrões ouro para qualidade cirúrgica.

Para fechar o ciclo, antes do procedimento, cirurgiões poderão compartilhar e aprender com seus colegas de todo o mundo por meio de uma plataforma conectada em conformidade com HIPAA (Health Information Portability and Accountability Act). No sistema de aprendizado contínuo, os profissionais seriam capazes de aprender com casos anônimos, entender como suas decisões afetam os resultados dos pacientes e como os dados podem ajudar a fazer melhores escolhas.

“Ainda estamos no estágio de desenvolvimento de produto, nos preparando para submissão a regulação. Estamos testando ativamente nossos sistemas e gerando dados que serão utilizados para a base desse envio. Além disso, estamos otimizando continuamente nosso software e hardware com base no feedback do usuário”, disse Sertac, e completou, “Também estamos muito focados na implementação de feedback dos cirurgiões que estão testando a nossa plataforma. Inclusive, cirurgiões brasileiros estão desempenhando um papel crítico nessa etapa. Se eu não estou enganado, o Brasil tem hoje cerca de 70 sistemas de cirurgias robóticas e quando eu visitei o país há dois ou três anos, existiam 30 sistemas. Na minha visão, isso mostra um crescimento considerável. Novos players estão contribuindo muito, participando de novos modelos de negócio”.

Sem dúvidas, a combinação dessas iniciativas possibilitará a disponibilização e acesso da plataforma de cirurgia digital. O propósito a longo prazo da Verb Surgical é democratizar a cirurgia. Sertac conta que todas as decisões tomadas pela companhia servem a esse propósito e significa essencialmente dar acesso a tecnologias que impactem positivamente os pacientes no mundo.

“Alguns de nós são mais afortunados do que outros porque temos acesso a cirurgiões com maior experiência. Hoje, a qualidade dos procedimentos de saúde é restrita em silos. É por isso que queremos criar tecnologias que possam ajudar os cirurgiões a aprenderem com profissionais mais experientes e disseminar as melhores práticas. Acreditamos que isso melhorará o acesso e a qualidade no setor de saúde”.

O plano de tornar cirurgias acessíveis independente do local e da experiência individual ainda levará algumas gerações. Sertac diz que veremos mudanças drásticas com os sistemas digitais sendo introduzidos. O intuito é simplificar, ser orientado por eficiência, reduzir as complicações e melhorar o resultado para o paciente.





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