A aposta da Hi Technologies é democratizar o acesso à saúde da população no Brasil. Parte de sua estratégia é o HiLab, dito o menor laboratório do mundo. Marcus Vinícius Figueredo, CEO e fundador da empresa, conta que a elaboração do produto teve início por volta de 2012, quando começaram a investigar as questões de análises clínicas mais a fundo. Lançado em 2017, conversamos com Marcus sobre os resultados nestes 2 anos de atuação.
Quem conhece o funcionamento de um laboratório de análises clínicas tradicional deve estar se perguntando: como assim menor laboratório do mundo? Como isso funciona? Esse foi meu caso, que lembrava bem das muitas etapas no processo de análise, desde centrifugação da amostra, incubação, mistura com diversos reagentes, entre outras. Marcus explica que a principal diferença está no meio em que as reações acontecem – tipicamente são feitas em meio líquido, no HiLab são feitas em substratos sólidos.
As tiras reagentes utilizam técnicas de imunocromatografia e colorimetria enzimática, são colocadas dentro das cápsulas e as informações lidas ali são enviadas para nuvem. Lá, um sistema de inteligência artificial faz as análises em tempo real. Associado a uma equipe de profissionais de análises clínicas, um laudo é gerado, o qual tanto o paciente quanto o profissional de saúde solicitante possuem acesso.
Os exames seguem os mesmos controles de qualidade normalmente aplicados em qualquer outro laboratório. Os métodos são validados comparando-se aos padrões ouro, além de serem feitos benchmarkings com serviços de referência. Todo processo para garantia da qualidade.
Hoje o HiLab já está em mais de 100 cidades espalhadas pelo país com mais de 1000 profissionais da saúde utilizando. O número de exames vêm crescendo a uma taxa de 30 a 40% ao mês, segundo o CEO. “É um modelo muito simples. Não cobramos nem pelo equipamento nem pelas cápsulas, a gente efetivamente cobra pelos exames realizados”, explica.
Marcus conta que no período de abril a junho deste ano, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul sofreram com uma epidemia de dengue. O HiLab ofereceu o exame de detecção de dengue NS1 (um exame que consegue detectar a doença nos primeiros 5 dias da infecção) nas cidades de Belo Horizonte e Campo Grande por aproximadamente 10% do valor cobrado pelos grandes laboratórios e viu então uma mudança no comportamento dos pacientes: em vez de ir primeiro ao médico quando apresentava os sintomas, o paciente realizava o exame (uma vez que não é necessária guia de solicitação) e ia ao médico já com uma evidência, o que agilizava todo o processo. “Não foi uma coisa provocada pela gente, mas teve um impacto super positivo!”, afirma o CEO.
Mais do que comodidade, a intenção com o HiLab é aumentar a velocidade com que os resultados dos exames são emitidos e também o conforto do paciente, uma vez que a coleta de sangue é feita na ponta do dedo e não em uma veia. Mas para Marcus a característica mais importante é a acessibilidade. As parcerias com as grandes redes de farmácia do país favoreceram a capilarização do produto, permitindo que muitas pessoas que estavam à margem do sistema de saúde agora tenham acesso a um exame por um preço justo em um local de fácil acesso.