A balança comercial brasileira de produtos farmacêuticos registrou déficit de R$ 5,9 bilhões em 2018, 13% superior ao verificado em 2017, mantendo assim um histórico de saldos negativos que perdura há várias décadas. As importações aumentaram 10%, totalizando R$ 6,9 bilhões, enquanto as exportações atingiram R$ 1 bilhão, 5% abaixo do alcançado em 2017. A corrente de comércio cresceu 8%, para R$ 7,9 bilhões, valor 13% superior ao do ano anterior.
Os déficits sucessivos refletem a maneira como a produção mundial está distribuída, explica Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma). “A maioria dos países tem balança deficitária. São poucos aqueles com superávit, porque são poucos os produtores”, afirma Mussolini.
No caso de insumos farmacêuticos ativos (Ifas), os principais fabricantes são China, Índia e Irlanda. Já os medicamentos de maior conteúdo tecnológico concentram-se nos Estados Unidos, Europa, Japão e Canadá. “É nesses países que estão concentrados os produtos de altíssima tecnologia e inovação, que requerem investimentos altíssimos”, diz Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Interfarma.
Boa parte dos medicamentos de maior conteúdo tecnológico importados pelo Brasil vem dos Estados Unidos e Europa, onde ficam as matrizes das principais empresas instaladas no Brasil. Já as exportações destinam-se, na maioria, a países em desenvolvimento, principalmente da América Latina. Países europeus e os Estados Unidos também compram medicamentos brasileiros, em muitos casos por meio de operações intercompany, entre subsidiárias locais e suas matrizes no exterior.
De setembro de 2018 a agosto de 2019, o item mais vendido pelo Brasil foram os medicamentos com hormônios polipeptídicos (14,22% do total), para tratamento de diabetes. O fármaco é produzido em Minas Gerais pela dinamarquesa Novo Nordisk, que o exporta para a sua matriz europeia.
As importações são lideradas, na maioria, por insumos. A dependência brasileira de matérias-primas importadas chega a cerca de 90%. No topo da lista de importados estão produtos imunológicos (15,47% do total), compostos heterocíclicos heteroátomos nitrogenados (10,29%), compostos heterocíclicos (8,46%) e vacinas (6,44%).
Os principais destinos dos medicamentos brasileiros são Dinamarca e Argentina. Juntos, os dois países são responsáveis por 33% do total de medicamentos exportados pelo Brasil. As vendas para ambos, contudo, recuaram 18% e 9%, respectivamente, entre setembro de 2018 e agosto de 2019. Para o Mercosul, houve queda de 7% no período, influenciada pela redução das vendas para a Argentina, que representam 77% do total das compras dos países da região. Já outros três países aumentaram as compras do Brasil - México (crescimento de 24%), China (21%) e Colômbia (7%).
Nas importações, a Alemanha lidera, com US$ 1,24 bilhão no ano passado, 9% acima do valor atingido em 12 meses até agosto de 2019. Segundo no ranking, os Estados Unidos adquiriram US$ 1,09 bilhão, montante 2% abaixo do verificado em igual período anterior.