Aplicativos ampliam adesão de pacientes a tratamentos
30/09/2019

Os aplicativos fazem parte do dia a dia e, nos últimos anos, começaram a ser usados como aliados de tratamentos de saúde. As soluções na palma da mão incluem lembretes, gráficos e acompanhamento de pacientes com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer, além de ferramentas para estimular a prática de atividades físicas e alimentação balanceada.

Criado em 2016, o CUCO Health ajuda o paciente a seguir o tratamento, comprar os medicamentos quando estão prestes a acabar, controlar sintomas específicos da patologia e informa a evolução do paciente para os médicos. Em 2017, a startup desenvolveu um projeto com o Hospital do Coração (HCor), cujo objetivo era aumentar a adesão de crianças com cardiopatia congênita ao tratamento pós-operatório. Assim que a criança recebia alta, a família tinha de baixar o app. Depois que a ferramenta foi implantada, a adesão passou de 40% para 79%, reduzindo a readmissão de pacientes ao hospital, conta Lívia Cunha, CEO da CUCO.

A healthtech também desenvolveu recentemente um projeto para pacientes com artrite reumatoide, em parceria com a Roche Brasil. Por meio do app, as pessoas são estimuladas a fazer exercícios para desenvolver as articulações. Com 12 clientes, incluindo Roche, Sanofi, Novartis e Hospital Santa Paula, a empresa faturou R$ 1,5 milhão em 2018 e espera crescer 30% neste ano.

Em outubro do ano passado, a Merck firmou parceria com o aplicativo Medisafe. Pelo app, a indústria farmacêutica passou a oferecer recursos, como conteúdos específicos sobre a doença, alertas, gráfico com resultados de glicemia ou dosagem dos hormônios da tireoide, além de acompanhamento de quais medicamentos já foram administrados.

 

A dificuldade de adesão do paciente se dá por diversos fatores, seja porque esquece, seja porque acha que sintomas estão leves, explica Paula Coelho, gerente de multicanais e estratégia digital da Merck Brasil. Cerca de 4 mil usuários de algum medicamento da empresa baixaram o app no Brasil. Os primeiros resultados mostram um aumento de 20 pontos percentuais de adesão aos tratamentos. Depois de perder a mãe vítima de um câncer, o biotecnólogo Cesar Filho decidiu montar uma plataforma de monitoramento remoto para pacientes com câncer. Ao lado do administrador Lorenzo Cartolano, a WeCancer começou a ganhar forma e passou a ter os primeiros usuários. Como uma espécie de companheiro de jornada do paciente, o aplicativo permite reportar sintomas, incluir consultas agendadas, registrar a medicação e tirar dúvidas por chat com enfermeiro. Conseguimos ver se o paciente está ou não tomando a medicação e como anda a adesão a cada tipo de remédio, afirma Filho.

Para a equipe médica dos hospitais, a empresa oferece uma tela com informações sobre os pacientes e um gráfico de adesão ao tratamento. Instalada na eretz.bio, incubadora do Hospital Israelita Albert Einstein, a startup tem entre os clientes o próprio Einstein, a Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) e a farmacêutica Roche. O aplicativo já teve 5 mil downloads e, atualmente, possui cerca de 600 usuários ativos.

Criado há três anos, o Zero Cigarro funciona como uma plataforma digital de apoio a quem pretende parar de fumar. Pelo aplicativo, as pessoas têm acesso a um programa de quatro meses que inclui mensagens diárias, com base em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), chat para interação com outros usuários e atendimento on-line feito por psicólogos (serviço pago).

Com mais de 15 mil downloads, o app reúne cerca de 1 mil usuários ativos. De uma amostra de 518 tabagistas, no fim do ano passado, 63% conseguiram ficar durante o programa pelo menos um dia sem fumar, conta Rodrigo Salustiano de Freitas, fundador do Zero Cigarro, que criou o app em parceria com uma psicóloga e um psiquiatra. Até o fim do ano, a expectativa é oferecer um modelo pago por meio de assinatura.

Pelo aplicativo GoGood, funcionários de empresas têm acesso a uma rede de nutricionistas, academias e estúdios, assim como podem acompanhar informações como quantidade de passos em caminhadas. Entre os clientes atendidos estão Ambev, Santander, PayPal e Mercedes. Nossa perspectiva é trazer mais serviços para a palma da mão do usuário e para o RH, diz Bruno Rodrigues, CEO da GoGood.

 

Já a N2B fechou contrato com redes de academias para oferecer um aplicativo em que o usuário define objetivos, por exemplo, ganhar massa muscular, perder peso ou manter uma dieta low carb. São mais de 300 opções de cardápios para a rotina e o usuário pode enviar foto das refeições para receber feedbacks da equipe de nutricionistas, explica Cesar Terrin, cofundador e CEO da N2B. O número de usuários ativos está perto de 100 mil.

 

Fonte: Valor




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