O tempo virou e João voltou a sofrer com a sua tradicional dor de garganta. No terceiro dia, com uma infecção que parecia um pouco mais avançada, decidiu consultar um médico, em vez de ir ao pronto-socorro, como costumava fazer. A consulta foi feita pelo WhatsApp. O médico analisou sua garganta, por meio de uma foto enviada pelo aplicativo, e informou que o caso demandava uma consulta com um especialista. O horário foi agendado para o fim daquele mesmo dia, numa clínica localizada no bairro em que João trabalha. Horas mais tarde, no consultório, o otorrino já sabia de todo o histórico de saúde de João, inclusive a pastilha para garganta que ele estava usando.
A história em questão é real e aconteceu com João Gabriel Alkmim, CEO da Vitta, empresa de tecnologia de saúde que estruturou um serviço que oferece telemedicina e uma rede de médicos com serviço diferenciado, cuja remuneração é até 25% superior à praticada pelo mercado.
A empresa tem entre seus investidores Jorge Paulo Lemann, Armínio Fraga, Maurício Ceschin (ex-Qualicorp) e Andre Street (Stone), que juntos já aplicaram R$ 35 milhões no negócio criado 2015 como uma empresa de software de prontuário eletrônico médico. Nesses quatro anos, a Vitta conseguiu formar um banco de dados com mais de 15 mil médicos e selecionou, para compor sua rede, aqueles com os melhores desfechos clínicos.
Com posse de indicadores de saúde e uma equipe formada por profissionais com passagens pela Aon, Amil, Fleury e SulAmérica começou a prestar, em novembro, consultoria para empresas que buscam reduzir os custos com convênio médico por meio de gestão da saúde de seus funcionários. Em menos de um ano, a Vitta passou a atender 70 empresas, que juntas têm quase 80 mil usuários de planos de saúde. “O reajuste nessa base de clientes foi em média metade da inflação médica”, disse Alkmim.
Agora a Vitta está lançando um plano de saúde voltado exclusivamente para startups, que, normalmente, têm dificuldades para contratar o benefício. O novo convênio oferece os mesmos serviços de telemedicina e rede credenciada que Alkmim usou quando estava com dor de garganta e que foram adquiridos pelas empresas que buscam redução no custo do plano de saúde.
Segundo o empresário, o novo convênio médico será comercializado a um preço médio 20% menor que planos similares do mercado. Para minimizar o risco e manter a taxa de sinistralidade em 70% (percentual considerado ideal), a Vitta vai montar um pool de startups - nos moldes do que faz a Qualicorp com as entidades de classe. As startups elegíveis são aquelas que possuem entre um e 499 funcionários.
O plano de saúde da Vitta foi registrado na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em parceria com a operadora Omint e Seguros Unimed, que desenharam uma rede específica de hospitais e laboratórios e serão as responsáveis pelas reservas financeiras exigidas pela agência reguladora.