Uma conta de R$ 10 milhões referente a procedimentos ortopédicos chegou à Fundação Zerrenner, acionista da Ambev e responsável pelo pagamento do plano de saúde dos funcionários da cervejaria. Todos os casos vinham de um centro de distribuição da Mooca, zona leste de São Paulo. O valor elevado e o fato das ocorrências terem acontecido numa mesma região chamou atenção dos gestores da fundação, que foram até o local para entender a causa.
Descobriram que os funcionários que tiveram problemas ortópedicos tinham se envolvido em acidentes, com colisão traseira. “O centro de distribuição havia trocado os carros por motos para entregar as bebidas. Mas essas motos não tinham freio ABS e, com a chuva, elas derrapavam e batia”, contou Edson Carlos De Marchi, diretor executivo da Fundação Zerrenner. “Entramos em contato com a fabricante das motos e colocamos freios ABS e os acidentes diminuíram”, acrescentou Eduardo Spinussi, gerente-geral da fundação.
O próximo desafio da entidade é entender o alto índice de UTI neonatal na Ambev. Nos últimos sete anos, foram registrados 20 mil partos, sendo que 93% foram cesáreas e deste volume 25% dos bebês foram para a UTI. A média da OCDE é de 10%.
Entender exatamente o que acontece na carteira de usuários de planos de saúde da cervejaria Ambev é uma das razões para a fundação ter conseguido reduzir a conta do plano de saúde de R$ 350 milhões para R$ 260 milhões, entre 2015 e 2019.
Além disso, foram adotadas outras medidas como a criação de um plano de saúde com uma rede credenciada formada de acordo com o perfil dos usuários do convênio. Houve uma redução na rede credenciada, deixando apenas os hospitais, clínicas e laboratórios que apresentam os melhores resultados médicos. Os procedimentos complexos e de alto custo passam primeiro por uma avaliação dos médicos da fundação. A operadora, por acordo contratual, não pode negar nenhum procedimento.
Em dezembro, a Fundação Zerrenner começou instalar clínicas de atenção primária nas fábricas da Ambev. Atualmente, já são 17 e até o fim do ano todas as fábricas terão uma clínica que atenderá também a família do funcionário. “Teremos uma plataforma com prontuário eletrônico do paciente. O sistema já traz automaticamente os dados médicos do paciente que foram registrados nas consultas anteriores, faz cruzamento de informações para ajudar, inclusive, o médico”, disse De Marchi.