José Luciano Monteiro Cunha é o atual diretor corporativo de telemedicina da Hapvida e será um de nossos palestrantes no Healthcare Innovation Show em setembro. Neurologista de formação, se dedica hoje à Gestão em Saúde, liderando equipes multiprofissionais em projetos relacionados a qualidade e segurança do paciente, protocolos clínicos gerenciados e implantação de serviços de telessaúde.
Um dos principais atrativos da telemedicina é expandir o acesso da população aos serviços médicos. Na Hapvida isso é feito nas regiões norte e nordeste, onde a operadora tem sua maior porção de atendimentos. No atendimento ambulatorial, são 23 as especialidades que operam por telemedicina. Já nas emergências são 8 hospitais cobertos por neurologistas e cardiologistas através da mesma. “A projeção é que até o final do ano a gente tenha pelo menos 30 hospitais conectados”, aponta Luciano.
Quando abordado sobre a telemedicina na jornada do paciente, Luciano prefere a utilização do termo telessaúde – mais abrangente. Comenta que desde a invenção do telefone este tipo de interação sempre aconteceu. “A única diferença é que as tecnologias mudaram e a forma de interação também mudou. Hoje a tecnologia digital é a forma que domina na interação entre as pessoas no mundo virtual”, completa.
“A realidade da telessaúde nas nossas vidas tende cada vez mais aumentar, mas de forma orgânica, sem pressão de operadoras, sem pressão de agentes externos por que isso já uma forma de interação humana eficaz no nosso dia-a-dia”, prevê o diretor. No futuro, antecipa que a maioria das pessoas não irão querer esperar semanas e até meses pra fazer uma consulta médica ou mesmo querer pegar filas em prontos-socorros por um problema simples de saúde. E isso não somente para o profissional médico, mas qualquer um da equipe multidisciplinar.
Falta regulamentação de muito que acontece informalmente. A tecnologia é apenas um meio, uma ferramenta e não o principal. A relação médico-paciente não consegue ser comprada. Ser empático, acolhedor, ouvir o problema de onde o paciente estiver são pontos levantados por Luciano que reforçam as responsabilidades a serem entregues de cada lado.
“O médico precisa ser responsável pelas condutas realizadas através da telemedicina. E precisa também de treinamento pra isso. As faculdades médicas precisam cada vez mais ficarem atentas a este tema, afinal de contas o mercado lá na frente vai cobrar isso dos médicos”, diz Luciano.
Os maiores sucessos na Hapvida
A neurologia por telemedicina nas emergências permitiu um tempo de até 10 minutos no atendimento a pacientes que chegam com um sinal ou sintoma de AVC. “É um tempo muito bom internacionalmente falando e permite com que o paciente seja mais bem tratado desde o início da sua chegada no setor”, declara o diretor.
Outro sucesso é o atendimento por telegenética. Por ser uma especialidade com baixo número de médicos, é difícil manter um bom fluxo nos planos de saúde em geral. O deslocamento de pacientes que sofrem com problemas genéticos também pode ser custoso. “Temos geneticistas habilitados neste tipo de atendimento e conseguem resolver mais de 95% dos casos através da telemedicina sem a necessidade de uma avaliação presencial por outra especialidade. Isso é uma eficiência muito grande de serviço”, conta Luciano.
Interação entre prestadores e pagadores
Atualmente no Brasil não existe nenhuma definição de financiamento da telemedicina. Na Hapvida isto é um benefício do plano, o paciente não paga a mais por isso. Conseguem fazer desta forma por serem uma rede própria.
A portaria 2546/2011 redefinia e ampliava o uso da telessaúde no país, incentivando a adoção por toda rede do SUS. “A lei não foi pra frente! Mas por que não puxar esse projeto novamente? Uma regulamentação seria muito bem-vinda!”, propõe Luciano.
O problema da falta de normatização é o crescimento desordenado deste recurso. Luciano finaliza dizendo “trabalho hoje com telemedicina, quase 100% do tempo e digo pra você: ela não resolve todos os problemas de saúde. Mas no que ela atua, ajuda e ajuda muito!”