Interesses comuns na saúde sustentam expansão
07/01/2014 - por Carlos Eduardo Cherem
Consolidado pela integração de empresas de pesquisas e produtos, parque de biotecnologia amplia atuação no país

   Estimado em mais de 200 empresas e cerca de 5 mil profissionais, o parque mineiro de biotecnologia e de ciências da vida experimenta um acentuado crescimento nos últimos anos, por conta, sobretudo, do forte elo de amarração e atuação conjunta das empresas do segmento do Estado, Esta cadeia, que envolve diversas empresas, como laboratórios e análises clínicas e de diagnósticos, produtos de equipamentos de saúde e de medicamentos, além de prestadores de serviços, espalhados por diferentes regiões do Estado, vive uma expansão anual de 10% na última década.
   
   A consolidação dos polos mineiros de biotecnologia fez com que fosse ampliada a participação de empresas mineiras em companhias de outros Estados. Paralelamente, estes polos procuram se unir ainda mais, para sustentação e ampliação do crescimento, com a maior integração do polo da região metropolitana de Belo Horizonte com os do interior do Estado.

   "Estes polos se complementam na cadeia de saúde. Um depende dos outros. As empresas de serviços de diagnósticos e produção de equipamentos e medicamentos têm interesses comuns, sobretudo na geração de conhecimento de tecnologia", afirma o vice - presidente da Associação Mineira de Empresas de Biotecnologia e Ciências da Vida (Ambiotec) Denílson Laudares Rodrigues. Ele diz que a Ambiotec traçou uma estratégia de aglutinar os polos para atuarem em conjunto.
   
   O empresário destaca que o parque de Biotecnologia e ciências da vida na grande Belo Horizonte reúne 32 empresas, que movimentaram cerda de R$ 150 milhões em 2012. O crescimento estimado para este ano é de 15%. A Ambiotec quer atrair outras 75 empresas de biotecnologia de ciências da vida das regiões de Juiz de Fora (Zona da Mata), Uberlândia e Uberaba (Triângulo Mineiro) e Santa Rita do sapucaí (Sul) para dar mais robustez ao polo. Além da produção de medicamentos (antibióticos, antivirais, e quimioterápicos), as empresas desenvolvem a produção de anticorpos por meio da nanotecnologia. o produto é utilizado na reconstituição óssea e de tecidos humanos. 

   "As empresas se complementam. A cadeia na produção e serviços garantem que tenham bons resultados e possam crescer", afirma Rodrigues. "Com a participação das empresas dessas regiões haverá uma maior articulação. Vamos poder atuar juntos em pesquisar e discutir questões específicas, como as tributárias, de fiscalização e de logística. Isso dará maior robustez ao surgimento de um polo estadual. Ele deixa de ser regional para se tornar estadual e amplia sua importância nacional. "

   De acordo com ele, embora o universo de empresas seja maior, cerca de 200, problemas de logística e afinidade econômica na cadeia produtiva fizeram com que a Ambiotec priorizasse as ações nos municípios das três regiões, de forma que se integrem ao polo de Belo Horizonte. 

   Sócio-proprietário da Celer, que produz equipamentos automatizados de análises clínicas em Belo Horizonte, Rodrigues diz que a Empresa acompanha a tendência de crescimento do segmento em Minas Gerais e sua expansão para outros Estados. A empresa do engenheiro eletricista, crida em 2001, ex-aluno e professor de instrumentação, automação e robótica na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), é mais um exemplo das empresas do polo mineiro criada por profissionais com doutorado, mestrado e e especializações que estudaram em universidade e centros de pesquisa de Minas Gerais. Como a maioria destas empresas, a Celer teve o fomento de instituições como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fundação Mineira e Amparo á Pesquisa (Famepig) para realizar suas pesquisas.

   Atualmente, a empresa produz três modelos (Espectrum, Polaris e Aquari) de equipamentos automatizados de análises clínicas, utilizados para diversos exames de sangue. No início do ano, a Celer dobrou o número de empregados, que passou de nove para 18 pessoas, e a estimativa é que a receita passe de R$ 600 mil para R$ 1,2 milhão neste ano. Algo em torno de 15% do faturamento da Celer é investido em pesquisas.

   A Biominas Brasil, instituição privada dedicada a promover negócios e empresas de biotecnologia e Minas Gerais criou uma nova modalidade para o avanço de pesquisas na área de ciências da saúde. Ao invés de receber somente projetos para avaliar, a Biominas iniciou a seleção de "ideias" quem embora não tenham projetos prontos e estruturados , podem ser aproveitas. "Isso tira os custos das empresas com projetos. A Biominas assume o projeto, se a ideia for boa, se sustenta. Com isso, geramos mais oportunidades e fomentamos o surgimento de novas empresas", diz Eduardo Emrich Soares, diretor - presidente da Biominas. 

   Para ele, a estratégia de politica industrial do governo federal em incentivar a pesquisa na área, apoiando a produção nacional de medicamentos e equipamentos do segmento , também sustenta o bom desempenho dos polos de ciências de saúde em Minas Gerais, sobretudo em Belo Horizonte. Além da nova modalidade de negócio em apoiar "ideias", a Biominas prepara uma expansão para o início de 2014, que fará dobrar o tamanho da área utilizada no instituto para a realização de pesquisas.

   A instituição, que presta consultoria para 70 empresas brasileiras e estrangeiras , lançou recentemente um edital para a construção de um prédio de 2 mil metros quadrados , quase dobrando a atual área física da Biominas de 3 mil metros quadrados. Atualmente, a Biominas mantém 14 Empresas Habitat, que  utilizam de uma a quatro salas de 45 metros quadrados para realizarem suas pesquisas. "Estamos alinhados a um setor [biotecnologia e ciências da vida] econômico que cresce com destaque em Minas Gerais. Nossas ações são no sentido de acompanhar este crescimento", diz Soares. Nos últimos seis anos, a Biominas Brasil financiou 12 empresas startups e seu programa de incubação teve 24 empresas graduadas no período.

   A Tolife, empresa especializada no desenvolvimento de soluções para a área de saúde, criada em 2009 por pesquisadores que se tornaram empresários, lançou recentemente edital para a capacitação de recursos para ampliar suas atividades. "Não temos o montante exato de recursos que serão capacitados, Mas pretendemos ampliar nossa participação no mercado nacional", diz o sócio-proprietário Leonardo Lima de Carvalho. A Tolife desenvolveu sistemas de classificação de riscos de doenças para atendimento médico e tem entre seus grandes clientes o governo mineiro.

   Este ano, a Tolife ampliou suas operações, passando a atuar em 11 Estados, além de Minas Gerais e México. Em 2012, a empresa, com sede em Santa Rita do Sapucaí e escritório em Belo Horizonte, faturou R$ 14 milhões. A expectativa é de um aumento de 15% na receita em 2013. A Tolife possui 40 empregados. Destes , quatro especialistas dedicados em tempo integral às pesquisas da empresa e outros 15 peritos  que dão consultoria temporária. 

   "como as empresas estão próximas fisicamente, no polo temos maior possibilidade de trabalhos conjuntos e maior agilidade de negócios. a mão de obra qualificada é também outro fator fundamental para nosso projetos", Afirma Carvalho. " A relação entre as empresas cria uma referência e faz com que as soluções sejam encontradas. A cadeia não se fecha. Pelo contrário, está sempre aberta", afirma.

   O Hermes Pardini, um dos maiores grupos de medicina diagnóstica e preventiva do país, criada em Belo Horizonte há 54 anos, está investindo em associações e aquisições em outros Estados para ampliar o seu leque de especialidades e soluções. A expansão teve início em 2012, com a compra da Digimagem, em São Paulo. Em seguida , o HermesPardini adquiriu em 2012 a progenética, no Rio de Janeiro. Além destas, adquiriu as mineiras Cedimi, em Sete Lagoas, e Biocod, em Belo horizonte. No início deste ano, fechou sua participação majoritária no laboratório Padrão, em Goiânia (GO), e na Diagnostika, em São Paulo. O Hermes Pardini implanou na zona norte de São Paulo o núcleo técnico operacional Progenética, um dos primeiros centros do país de exames moleculares de alta complexidade, focadas em medicina genômica e oncogenética.

   A empresa não informa os valores envolvidos nas transações que, além de laboratórios e centros de pesquisas, fizeram com que as unidades de atendimentoao público do Hermes Pardini pulassem de 54 para 85 em menos de dois anos. o diretor-presidente do Hermes Pardini, Roberto Santoro Meirelles, afirma que as aquisições e associações com empresas com expertise em segmentos específicos de medicina diagnóstica e preventiva vão amplicar a capacidade técnica, produtiva e científica da empresa no diagnóstico por imagem, genética molecular, medicina personalizada e patologia cirúrgica.

   "Essas incorporações permitiram ao Hermes Pardini oferecer soluções completas em diversas áreas de medicina diagnóstica e preventiva. Além disso, o compartilhamento de conhecimento e da expertise nos processos possibilitam grandes avanços científicos. As pesquisas se desenvolvem melhor. Isso é incomensurável ", diz Meirelles.

   Com as aquisições, segundo ele, o Hermes Pardini se credenciou a oferecer soluções completas em oncologia, em procedimento de patologia e citologia e em serviços de genética melécular clínica. "As associações possibilitaram a ampliação desses serviços com a aquisição de novos equipamentos, além de equipes dedicadas para realização de exames de tomografias computadorizadas e ressonãncia magnética", destaca. 

   Para meirelles, apesar da expansão, o principal mercado do Hermes Pardini continua sendo Minas Gerais. "Temos uma mão de obra altamente qualificada, acesso a institutos de excelência e incentivos de órgão de fomento em Minas Gerais. Nossa principal base continua sendo a região metropolitana de Belo Horizonte". ressalta. Diariamente, o núcleo operacional do Hermes Pardini, em Vespasiano, na região metropolitana da capital mineira, apto para fazer 2,5 mil tipos de exames recebe 160 mil amostras para a realização de exames de 180 laboratórios espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás. São 4,5 milhões de testes por mês, além de 6 mil vacinas aplicadas em 14 unidades de vacinação do grupo.




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