Em nosso próximo evento, o Healthcare Innovation Show, teremos um dia inteiro de conteúdo voltado a Inteligência Artificial (IA ou AI, em inglês). Tivemos o prazer de bater um papo com Amit Garg, brasileiro, capixaba, de origem indiana, hoje radicado no Vale do Silício, que será um de nossos palestrantes sobre o tema.
Graduado em Biologia e Computação por Stanford, Amit tem um extenso currículo envolvendo a combinação dos dois, passando por empresas como Google e Samsung. Especializado pela Escola de Negócios de Harvard, entrou para o mundo de Venture Capital, um tipo de investimento envolvendo maior risco, e recentemente iniciou seu próprio fundo com a Tau Ventures. “É um fundo seed, que é o primeiro investimento de uma empresa. Um fundo de US$ 35 a 50 milhões”, explica o investidor.
A vertical saúde representa 50% de seu portfólio, que também trabalha com IA aplicada a automação (carros autônomos e drones) e a enterprise. O conceito de IA não é nada novo. “Mas hoje temos muito mais dados, muito mais poder computacional, então é possível se fazer IA com uma escala muito maior, muito mais ampla que antes. Eu diria que realmente a revolução de IA está com a gente agora!”, diz Amit.
Para ele, uma empresa dar certo hoje não depende que seu criador seja um PhD com 20 anos de experiência. É necessário saber agregar dados, instrumentos, recursos e profissionais que estão disponíveis focando na resolução de um problema, seja ele na área de saúde ou em qualquer outra área. “E isso é possível de uma forma incrível com AI-as-a-Service”, completa.
A AI-as-a-Service nada mais é que a Inteligência Artificial aplicada, foco dos investimentos da Tau. A analogia feita por Amit é pensar que há 10, 15 anos o auge do momento era investir em tecnologias mobile. Hoje não se desenvolve um produto para uma empresa ou para um consumidor, sem pensar em como isso estará no celular ou no tablet, tudo é mobile first. A Inteligência Artificial está passando pela mesma transformação – daqui alguns anos não será mais uma pergunta, será um pré-requisito.
O quanto a IA vai resolver problemas depende muito da maturidade do segmento. Para a saúde ainda há mais promessas que soluções, segundo Amit. “Como princípio acho que as empresas que vão dar mais certo são as que conseguem simplificar a complexidade ou pelo menos construir interfaces, por exemplo, que são bem acessíveis ao consumidor final. O que você não quer é que a complexidade atrapalhe o uso do produto”, afirma.
Quando extrapolamos isso para a experiência do paciente, a perspectiva é que a saúde preventiva se fortaleça. A incorporação destas tecnologias proporcionará melhor acompanhamento e entendimento de si mesmo e dos outros, permitindo compartilhamento de dados com quem está cuidando de nossa saúde e permitindo diagnósticos mais precoces.
Um exemplo que Amit nos conta é voltado para medicina veterinária da empresa The One Health Company, comandada pela brasileira Cristina Lopes. Eles estudam câncer em cachorros e gatos e através de Inteligência Artificial tentam entender qual o melhor tipo de tratamento para cada subtipo da doença. Uma promessa que vê nisto é a construção de uma base de dados riquíssima que pode eventualmente ser aplicada em testes de descobertas de novas drogas, avançando muito em relação a começar este trabalho diretamente com humanos.
Amit finaliza com uma mensagem positiva ao Brasil, relembrando as oportunidades que o país oferece. “Quando qualquer um, eu incluído, procuramos pelo que podemos fazer pelo Brasil, não é necessariamente copiar o que o país desenvolvido fez, é olhar pro que que eles estão fazendo, é olhar pra onde a bola está indo e não pra onde ela está no momento, é olhar pro gol e não pro meio do campo”, afirma.