A legibilidade da prescrição médica é um fator essencial para facilitar a comunicação na relação médico-paciente. Problemas na mesma levam desde não-adesão ao tratamento a potenciais erros fatais. Dentro de grandes hospitais este processo já se encontra digitalizado mas foi pensando no ambiente ambulatorial que os irmãos Ricardo e Rafael Moraes criaram a Memed, uma plataforma de prescrição digital 100% voltada para médicos.
O software não é um prontuário eletrônico, mas pode ser integrado a um. Trata-se de uma prescrição web-mobile ou integrada via um API. “Se o médico não usa prontuário nenhum, ele pode usar a Memed no site ou baixar o aplicativo”, explica Ricardo.
Com um layout simples, imitando uma folha de papel em branco, o médico preenche as informações do paciente, escolhe os medicamentos e posologias dentro de um banco de dados com mais de 60 mil itens e consegue colocar suas informações no rodapé. Além disso, o banco de dados conta com cadastro de interações medicamentosas, exames laboratoriais, materiais e alerta de alergias.
Quando gerada a prescrição, solicita-se o número de telefone do paciente e o receituário é impresso em via única quando é simples, em 2 vias quando existe algum medicamento de controle especial ou em formato de alto custo quando necessitar um LME. Não sendo necessário o médico escolher estes padrões.
O paciente recebe via SMS uma mensagem informando que seu médico enviou uma receita digital que pode ser acessada através de um link. Ao clicar, a receita abre automaticamente no navegador do paciente, não sendo necessário ter nenhum aplicativo baixado.
Neste momento, um chatbot ajuda o paciente a engajar no tratamento mostrando onde os medicamentos prescritos estão disponíveis de acordo com sua localização. Aqui ele já consegue comprar diretamente, através de uma plataforma de pagamento, os produtos oferecidos nos locais com convênio com a Memed.
Semelhante acontece com prescrição de exames, sendo possível realizar um agendamento nos locais selecionados. “A ideia para o futuro é que seja possível também prescrever aplicativos com um link para seu download”, comenta Ricardo. Isso otimizaria o monitoramento do paciente pelo médico.
A base de dados de medicamentos da empresa é realmente impressionante. Em cima de bases tradicionais de informação, como Anvisa, Micromedex e UpTodate, existe um trabalho diário e inesgotável de atualização de todas informações de mercado, desde disponibilidade do produto a atualização de apresentação farmacêutica.
Ricardo conta que tiveram experiência com a rede pública durante um programa estadual do governo de São Paulo, chamado Pitch Gov. Foram selecionados para resolver alguns problemas e digitalizar processos na área de saúde, integrando a solução ao prontuário eletrônico no Hospital Pérola Byington e no IAMSPE. “Recentemente, fechamos um contrato com o HC e vamos começar a integrar com o ambulatório de lá”, informa Ricardo.
O principal movimento daqui pra frente, durante uma nova rodada de investimentos que receberão, será melhorar ainda mais a experiência do paciente. “Até agora o foco foi muito na ponta do médico”, diz Rafael.
Foi preciso provar que o modelo oferecido à classe traria vantagens e ganhar sua confiança. “Estamos falando de um modelo padrão de como sempre foi. É duro quebrar o hábito do papel e caneta”, completa Rafael. De agora em diante o desafio será mudar a mentalidade dos outros clientes também: pacientes e farmácias, com toda a pulverização que existe neste mercado.