As brasileiras que deram os maiores retornos ao acionista
05/12/2013 - por Por Marina Falcão | De São Paulo

A varejista e fabricante de vestuário Cia Hering ofereceu a terceira maior taxa de retorno aos seus acionistas entre os anos 2008 e 2012, segundo levantamento do Boston Consulting Group (BCG). A lista traz ainda a fabricante de bebidas Ambev na segunda colocação, quando consideradas apenas companhias com valor de mercado acima de US$ 50 bilhões.

Construído a partir da análise de 1.616 companhias listadas de todo o mundo, o ranking leva em consideração a valorização das ações das companhias na bolsa e a distribuição de proventos aos sócios sob a forma de dividendos e juros sobre capital próprio.

 

 

Das dez empresas que deram maiores retornos no período, seis são de países emergentes. Abaixo da brasileira Hering no ranking mundial, estão duas empresas da Tailândia, duas das Filipinas, uma da Rússia e uma de Hong Kong.

Para Hady Farag, diretor do BCG, as companhias dos países emergentes estão em vantagem por registrarem crescimento a taxas "substancialmente" maiores do que aquelas de mercados desenvolvidos.

No entanto, outros fatores podem fazer com que empresas de países desenvolvidos superem as de emergentes em termos de retornos. Farag cita dois deles: a capacidade de identificar segmentos de mercado em crescimento - como é o caso da americana Apple - ou de competir com sucesso em mercados emergentes, como tem feito a alemã Volkswagen.

No ranking que considera apenas as "large caps", chama atenção a forte presença dos setores de consumo e varejo, com seis empresas entre as dez primeiras posições, como a Ambev. Para Farag, a forte performance desses setores ocorre devido ao aumento da abundância de pessoas nas economias emergentes, assim como a continuidade no desejo de gastar nos países desenvolvidos.

Na lista que engloba apenas companhias de bens de consumo não duráveis, também constam as brasileiras Souza Cruz, de cigarros, e Natura, de cosméticos.

Segundo o executivo, a maior parte das empresas de consumo e varejo nas primeiras posições da lista são de países emergentes, como a Cia Hering, ou construíram com sucesso uma presença global com ampla exposição a esses mercados, caso da espanhola Inditex, controladora da varejista de vestuário Zara.

Farag diz que, embora seja bastante difícil especular sobre o futuro, a tendência fundamental de que os consumidores dos emergentes se tornem cada vez mais importantes deve continuar.

O estudo do BCG mostra que há uma "grande desconexão" entre o lento avanço da economia global e o crescimento acelerado do mercado de ações. Na primeira metade deste ano, a taxa de retorno do MSCI All Country World Investable Markets Index foi de 9,8%. No ano passado, a taxa ficou em 16,5%, apesar do caminhar comedido da economia no mundo, aponta o BCG.

São dois os motivos por trás dessa desconexão. O primeiro é a política monetária expansionista perseguida pelos bancos centrais em todo o mundo. "Os juros menos atrativos ajudaram a aumentar a demanda de investidores por ações", explica Farag. A outra razão para o fenômeno é o fato de que muitas empresas emergiram da crise de 2008 mais fortes. "É possível perceber isso no aumento dos níveis de rentabilidade e disponibilidades de caixa", afirma o executivo.

Mas, afinal, ainda há espaço para o mercado de capitais performar acima da economia? Farag não tem uma resposta objetiva para essa questão. De antemão, ele afirma que quanto mais tempo as economias dos países desenvolvidos demorarem para se recuperar, mais difícil vai ficar para as companhias criarem valor de forma sustentável.

A chave para o sucesso das empresas, diz Farag, é o foco na alocação de capital - ou seja, na forma como elas decidem reinvestir os lucros sabidamente e/ou distribuir o excesso de caixa para os acionistas. Mas não há uma regra geral. "Cada empresa está em um ponto de partida diferente", diz.


 





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