A Kinea, gestora de private equity do Itaú, adquiriu uma fatia minoritária do Centro Clínico Gaúcho (CCG), operadora de plano de saúde verticalizada do Rio Grande do Sul, por cerca de R$ 150 milhões.
O grupo é dono de uma operadora com 175 mil usuários de convênio médico e 1,2 mil de plano dental, além de um hospital de baixa complexidade, 20 clínicas, laboratório de análises clínicas e uma empresa de medicina ocupacional.
"Vamos ampliar a rede própria, em especial, a parte hospitalar. Não investiríamos nesse setor de planos de saúde se não fosse um modelo verticalizado", disse Cristiano Lauretti, responsável pela área de private equity da Kinea. "O Centro Clínico Gaúcho é a segunda maior operadora em Porto Alegre, atrás apenas da Unimed. Com os novos investimentos, queremos atingir a liderança na região", complementou Diego Montezano, diretor de private equity da Kinea.
A estratégia de crescimento envolve expansão orgânica e também aquisições. No ano passado, o Centro Clínico Gaúcho registrou um faturamento de R$ 350 milhões e sua taxa de sinistralidade é de cerca de 80%. Os procedimentos de alta complexidade são realizados em hospitais credenciados o que faz diferença quando comparado a outras operadoras mais verticalizadas como a NotreDame Intermédica e a Hapvida, que têm uma sinistralidade na casa dos 70% e 60%, respectivamente.
O segmento de operadoras verticalizadas de planos de saúde está aquecido. Na semana passada, a Hapvida comprou por R$ 5 bilhões a São Francisco num disputado processo em que concorreram também a Amil e a NotreDame Intermédica. Todas elas trabalham com rede própria. A operadora Clinipam, do Sul do país, também está avaliando a entrada de um investidor. Segundo fontes, o negócio é avaliado em pelo menos R$ 1 bilhão.
Segundo Montezano, a ideia é investir agora e preparar a operadora para uma futura retomada da economia e aumento na taxa de emprego o que, consequentemente, leva a uma maior contratação de planos de saúde corporativos. No país, cerca de 65% são planos empresariais e na CCG mais de 90% da carteira é dessa modalidade de convênio.
A Kinea está priorizando, neste atual momento econômico, setores mais resilientes como saúde, educação e tecnologia. "Sem uma visão clara da reforma de previdência, não vamos investir em setores ligados a consumo", disse o responsável pela área de private equity da Kinea.
O último fundo da gestora, que levantou R$ 1,5 bilhão no ano passado, já fez aportes na rede de escolas de idiomas WiseUp e no Grupo A, plataforma de conteúdo digital e editora de livros científicos, além do Centro Clínico Gaúcho. Cerca de 35% dos recursos do fundo foram usados nesses três projetos. A operadora de convênio médico foi o segundo investimento da gestora no setor de saúde, que também está analisando ativos como hospitais, clínicas, laboratórios e indústria farmacêutica. O primeiro negócio na área foi o laboratório de medicina diagnóstica Delfim, de Salvador que, atualmente, pertence à Alliar.
No total, a gestora fez investimentos em 11 ativos como a locadora de veículos Unidas, a agência de publicidade ABC, a fabricante de cerâmica Eliane, Lojas Avenida e centro universitário Uninter.