A inteligência artificial (IA) pode ser considerada um dos maiores desenvolvimentos da nossa geração, se não o maior. Sua capacidade de executar tarefas repetitivas e extrair o melhor dos dados para indicar o melhor direcionamento revolucionou os modos de produção de várias indústrias. Por consequência, impactou o mercado de trabalho e a forma como as pessoas devem se preparar para atuar em um cenário cuja tendência é que trabalhos manuais e repetitivos sejam gradualmente substituídos por IA.
Não poderia ser diferente na área da saúde. Por exemplo, em testes, as soluções de IA conseguiram 99,6% de precisão em diagnósticos de radiologia ante os 82% obtidos pelos radiologistas do mundo. Com isso, o mercado de trabalho na área da saúde precisará se adaptar. Algumas áreas que estarão em alta em 2028 incluem: realidade virtual e aumentada, biotecnologia, bem-estar, infraestrutura inteligente e a próxima geração da TI.
Por isso, a tendência é que o mercado de trabalho na área da saúde seja mais humanizado. O foco deixará de ser o médico para estar no paciente. A saúde não será mais isolada, mas sim conectada socialmente. Os investimentos serão em prevenção, até mesmo com incentivos e prêmios para a população, e não no tratamento de doenças. Com isso, os pacientes deixarão de ser pouco engajados para terem voz ativa nos seus planos de saúde. Portanto, de forma geral, o futuro do mercado de trabalho na área da saúde implica menos rotina e mais cuidados estratégicos.
Outra estratégia para se preparar para esse novo cenário é focar em tarefas que nenhuma inteligência artificial consegue realizar. Por exemplo, robôs não conseguem dançar, cantar, fazer julgamentos, tomar decisões, confortar pessoas, fazer boas perguntas, ensinar ou liderar. As novas tecnologias ajudam muito nessas tarefas, mas somente os humanos podem realizá-las. Por isso, áreas que trabalham muito o campo das emoções, da empatia, dos julgamentos, da ética e do contexto estarão em alta.
Os empregos do futuro na área da saúde
Apesar de a população temer o avanço da inteligência artificial e a consequente mecanização das ocupações, apenas 12% dos empregos atuais serão substituídos por robôs. Em contrapartida, 13% dos empregos do futuro ainda estão por surgir, e os demais 75% serão melhorados com a ajuda da tecnologia.
Seguem abaixo três exemplos de novos empregos para a área da saúde:
1. Fitness commitment counsellor
São profissionais que podem trabalhar em qualquer lugar no mundo, com foco em acompanhamento diário, semanal ou quinzenal do bem-estar, da atividade física e da saúde dos pacientes. Esse acompanhamento será feito por meio de wearables.
2. Walker talker
Pesquisas acadêmicas comprovam que idosos engajados e ativos são duas vezes mais saudáveis do que aqueles que passam muito tempo sozinhos. A função do walker talker será fazer companhia para essas pessoas e acompanhá-las, com foco na saúde mental e no bem-estar.
3. Memory curator
Por mais que avanços na área da saúde tenham aumentado a expectativa de vida da população, os idosos ainda são afetados por problemas de memória, porque esses avanços demoram mais tempo para chegar à neurologia. Para remediar isso, o memory curator cria narrativas em realidades virtuais para pessoas idosas por meio das memórias delas.
Sobre o Autor:
Alexandre Grandi é líder para Saúde da Cognizant Brasil.