Fundado há 32 anos, o laboratório de medicina diagnóstica Salomão Zoppi vai captar pela primeira vez um empréstimo bancário de até R$ 30 milhões. Os recursos serão usados para duplicar sua rede de atendimento para dez unidades até 2015.
"Nossa expansão demandará investimentos de R$ 40 milhões. Temos um crédito pré-aprovado de R$ 30 milhões. Mas ainda não está definido se usaremos toda essa linha de crédito porque também vamos utilizar a nossa geração de caixa para financiar a expansão", disse Paulo Zoppi, um dos sócios do laboratório.
"As empresas normalmente ficam alavancadas para expandir. Mas somos bem conservadores. Preferimos um passo de cada vez porque temos medo de crescer muito e perder a qualidade", complementou Luis Salomão, que divide a sociedade com Zoppi. Os dois médicos se conheceram durante a residência na Santa Casa de São Paulo em 1979.
Um dos principais ativos da empresa é a credibilidade junto à comunidade médica. Segundo os fundadores, cerca de 85% dos 6,5 milhões de exames realizados, por ano, tiveram recomedação de médicos para que fossem feitos no Salomão Zoppi. Essa referência é um dos motivos de interesse dos concorrentes e investidores que há anos batem à porta do laboratório paulistano na tentativa de comprá-lo.
Além disso, pelo segundo ano consecutivo, o Salomão Zoppi está crescendo em patamares superiores a de seus pares. Neste ano, a estimativa é que o faturamento atinja R$ 162 milhões, o que representa uma alta de 23% em relação a 2012. Na Dasa, dona da rede Delboni Auriemo, a receita bruta teve um crescimento inferior a 10% atingindo R$ 2 bilhões no acumulado dos nove primeiros meses. Neste mesmo período, o Fleury apurou uma receita de R$ 1,4 bilhão, uma alta de 11,3%.
O aumento na receita da companhia também é resultado dos investimentos destinados à ampliação do portfólio de exames, com destaque para os de alta complexidade. De 2010 para cá, o tíquete médio da rede aumentou 77% por conta de procedimentos mais sofisticados e também porque o número de exames realizados por paciente dobrou no período.
O Salomão Zoppi investiu R$ 7 milhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D) neste ano. "A tendência na medicina são os tratamentos personalizados. Nem sempre um medicamento oncológico, por exemplo, é eficaz para todos. Os exames de biologia molecular podem detectar como a droga metaboliza no organismo", explicou Salomão. "O investimento em pesquisa e desenvolvimento sai do lucro, não da receita", afirmou Zoppi.
Os exames voltados ao público feminino são a principal especialidade do Salomão Zoppi. Não à toa, as mulheres representam 77% da clientela. A empresa tem uma forte atuação junto a consultórios de ginecologia e obstetrícia. "Recolhemos exames em 800 consultórios de São Paulo. Esse segmento, que chamamos de apoio, representa 21% da receita. Em 2011, esse percentual era de 9%", disse Zoppi.
Com as dez unidades em operação, a estimativa é que o faturamento salte para R$ 300 milhões nos próximos dois anos. O primeiro ponto desse novo ciclo de expansão foi inaugurado na semana passada no bairro do Tatuapé, zona leste da capital paulista. As próximas unidades serão abertas na avenida Angélica, reduto de consultórios e laboratórios na cidade; na Vila Mariana; na zona norte; além de uma expansão na unidade do bairro do Paraíso, a primeira do grupo. Segundo os sócios, não há planos de sair de São Paulo.
Com tantas inaugurações em vista, a empresa adotou um sistema interno em que os funcionários podem solicitar transferência para trabalhar em outras unidades. "É uma ótima maneira de agradar ao nosso colaborador, que pode trabalhar perto de casa, e também é excelente para a empresa porque boa parte desses funcionários transferidos já tem experiência para atuar em uma nova unidade. No Tatuapé, por exemplo, 90% dos 60 colaboradores já são da própria casa", contou Salomão