Entrevista
Para Rodrigo Aguiar, diretor da ANS, o modelo atual, de remuneração por serviço, pode não ser o mais vantajoso. Ele defende mudanças graduais.
Por que a ANS lançou uma cartilha de modelos de remuneração de fornecedores pelas operadoras?
A proposta é induzir o mercado de planos de saúde a adotar modelos inovadores de remuneração, que vinculem o pagamento dos serviços prestados à qualidade do cuidado e ao valor agregado à saúde dos beneficiários. O modelo fee for service (remuneração por serviço) pode levar à competição por clientes e à realização de procedimentos nem sempre necessários, sem avaliação dos resultados em saúde.
Há relação entre modelo de pagamento e assistência?
A mudança do modelo de remuneração contribui para a sustentabilidade do setor. Mas a discussão sobre a implementação de modelos alternativos de pagamento de prestadores e do cuidado em saúde está associada à busca pelo aumento da qualidade assistencial.
A compra de hospitais próprios pelas operadoras dá mais força às empresas para mudar o modelo de pagamento?
A opção pela verticalização ou não da rede depende do modelo de negócio e da modalidade da operadora, do nível de concorrência nas regiões onde atua e do grau de dispersão geográfica dos beneficiários. A mudança do modelo de pagamento independe das estratégias de estruturação da rede de prestadores de serviços de saúde (hospitais, clínicas e laboratórios). É fundamental que o novo modelo seja implementado de forma gradual, permitindo a adaptação do prestador, e que esteja prevista redução de riscos financeiros para os prestadores na fase inicial.
Autor: Luciana Casemiro Referência: O Globo