Fabricante alemã de prótese reforça atuação no Brasil
08/11/2013

Uma mudança cultural e a melhoria nas condições de renda da população criaram um ambiente positivo no país para os negócios da Ottobock, fabricante alemã de próteses. Hoje, a empresa anuncia a mudança da sede da subsidiária brasileira de Campinas (SP) para Valinhos (SP). O novo escritório também será a sede da Ottobock na América Latina. Antes, a região era comandada por um escritório nos Estados Unidos, que dirigia a região Américas. A Ottobock prepara-se também para instalar uma fábrica de próteses no Brasil.

A companhia fundada em 1919, pelo alemão Otto Bock, que decidiu fabricar próteses para sobreviventes da I Guerra Mundial que tiveram sequelas. A empresa familiar é comandada atualmente por seu neto, Hans Näder, e a tecnologia desenvolvida é vendida em 140 países. Em 2012, a empresa registrou uma receita de € 666 milhões (US$ 899 milhões), com um crescimento global de 14,2%. Na América Latina, o crescimento foi de 34,7%, para € 29,5 milhões.

"As operações na América Latina, principalmente no Brasil, têm um forte crescimento, por isso a decisão de ter uma estrutura reforçada no país", afirmou Wilson Zampini, presidente da Ottobock para América Latina.

Um dos fatores que estimularam o crescimento do mercado de tecnologias assistivas foi o processo de inclusão social de portadores de necessidades especiais. "No passado, uma pessoa com uma necessidade especial ficava em casa. Mas hoje é crescente o número de pessoas que retomam a profissão, começam a praticar esportes, enfim, retomam suas vidas", disse Zampini. A melhora no rendimento das famílias brasileiras também favoreceu as vendas de próteses, incluindo modelos com dispositivos robóticos, que reproduzem melhor os movimentos humanos, e chegam a custar mais de R$ 100 mil.

De acordo com Zampini, os principais clientes da Ottobock são o governo federal, que fornece próteses mais simples por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e instituições privadas, como a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e o Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas, vinculado à Universidade de São Paulo (USP). Mas as vendas para pessoas físicas também têm aumentado.

As vendas no Brasil cresceram 18% ao ano nos últimos nove anos e a expectativa, segundo o executivo, é de um crescimento de 15% a 20% ao ano até 2019. Para atender a essa demanda, a Ottobock ampliou o número de funcionários de 25 para 85 no país neste ano. Em 2014, a sede em Valinhos vai comportar 250 pessoas. O reforço é feito principalmente na área comercial e de assistência a profissionais da saúde, disse Zampini.

A companhia estuda também a instalação de uma fábrica no Brasil, com duas linhas de produção, uma de próteses e outra de cadeiras de rodas. A Ottobock ainda não definiu o investimento a ser feito na fábrica, nem sua localização, mas a expectativa de Zampini é que a decisão sobre a unidade industrial seja tomada em 2014. "A ideia, com essa nova unidade, é poder exportar para mercados emergentes, além de atender ao mercado brasileiro", afirmou.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem 45,6 milhões de pessoas no país com algum tipo de necessidade especial. Desse total, 13,3 milhões de pessoas têm dificuldades de locomoção. A deficiência motora é o segundo tipo mais comum de dificuldade, depois dos problemas com a visão. Não há estatísticas de quantas pessoas no país já usam prótese ou cadeira de rodas. (CB)

 


 





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