Hábito saudável evitaria 63 mil mortes por câncer
11/04/2019

Levantamento da USP e de Harvard mostra relação de câncer com fatores que elevam risco

Cientistas da USP e de Harvard mostram que a adoção de hábitos saudáveis, como não fumar e praticar atividades físicas, poderia evitar 63 mil mortes por câncer no País por ano, além de impedir 114 mil novos casos anuais da doença.
Ao menos 63 mil mortes por câncer que ocorrem no Brasil por ano poderiam ser evitadas com a adoção de hábitos saudáveis, como não fumar e praticar atividades físicas. Também seria possível evitar 114 mil novos casos da doença, o que corresponde a 27% dos registros anuais. Foi o que constatou um estudo do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da Universidade de Harvard publicado no periódico científico Cancer Epidemiology deste mês.

Para fazer o levantamento, os pesquisadores cruzaram dados da Agência Nacional de Pesquisa em Câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de levantamentos feitos por instituições nacionais.
“Existe um consenso que tabagismo, álcool, sedentarismo, obesidade e má alimentação estão relacionados com 20 tipos de câncer. Sabendo desses fatores de risco, usamos bancos de dados do IBGE para ver como é a distribuição deles na população”, explica Leandro Rezende, pesquisador da FMUSP e um dos autores do estudo, realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Da Pesquisa Nacional de Saúde, de 2013, foram coletadas informações sobre a prevalência de tabagismo, o Índice de Massa Corporal (IMC), uso de bebidas alcoólicas, consumo de frutas e hortaliças. “Com esse conjunto de dados e cálculos estatísticos, chegamos a quantos casos e mortes conseguiríamos evitar. A gente não conseguiria evitar um número tão grande com algum exame de detecção precoce.”

O estudo apontou ainda que a incidência de câncer de pulmão, laringe, orofaringe, esôfago, cólon e de reto poderia cair pela metade com a eliminação dos fatores de risco avaliados pelos pesquisadores. “Esperamos que esse resultado seja utilizado como um convite para os gestores de políticas públicas para a regulamentação do marketing de alimentos processados.”
Mudanças. Após ficar curada de um câncer de mama descoberto no final de 2015, a economista Sílvia Helena Madi Pinheiro, de 50 anos, resolveu mudar seus hábitos. A alimentação se tornou mais saudável e a atividade física passou a ser considerada parte do tratamento.

“Quando eu fui fazer a minha primeira consulta com a oncologista, ela perguntou o que eu fazia e falei que era totalmente sedentária. Naquele momento, fiz um pacto que não seria mais sedentária e faria exercício como remédio.” Hoje, acorda às 5h30 e prática ioga e pilates. Ela também buscou influenciar a família a ter bons hábitos.





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