Sem recursos, incubadoras fecham as portas em SP © 2000 – 2013.
30/10/2013 - por Por Cibelle Bouças | De São Paulo

Em anos recentes, o cenário de inovação apresentou avanços significativos no Brasil. O surgimento de companhias novatas atraiu investidores nacionais e estrangeiros, incluindo investidores-anjos, fundos de capital de risco e aceleradoras. Essas últimas tentam levar projetos um pouco mais maduros ao próximo patamar de crescimento. Mas para as incubadoras - responsáveis por ajudar as companhias em sua fase embrionária - o desempenho não foi tão favorável. Um estudo feito pela Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (Fusp), a pedido da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de São Paulo, mostra que o número de incubadoras encolheu no Estado em 2012.

O levantamento, que será apresentado hoje na II Expocietec, na capital paulista, servirá de base para a definição de políticas públicas para o setor em 2014.

São Paulo chegou a ter 75 incubadoras em 2009, mas esse número baixou para 46 em 2010, quando o Sebrae mudou o modelo de consultoria para incubadoras, para atender a exigências do Ministério Público do Trabalho. Segundo o Sebrae, a instituição deixou de manter consultores dentro das incubadoras e passou a oferecer o trabalho de apoio às empresas incubadas em seus escritórios próprios.

O trabalho da Fusp mostra que o número de incubadoras continuou baixando, chegando a 34 no ano passado. Em relação a 2009, é uma queda de 55%, o que representa o fim de 34 entidades. Entre as causas apontadas para esse encolhimento estão dificuldades das incubadoras par gerar receita própria e problemas de governança. "Fiquei decepcionado com os resultados, mas ver esse quadro é fundamental para definir novas políticas que estimulem as incubadoras", afirmou Marcos Cintra, subsecretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo.

 

 

O estudo mostra que das incubadoras em operação, apenas o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) consegue se financiar com taxas de incubação e outras receitas, como consultoria, cursos e participação na receita das empresas incubadas. Do total, 15 incubadoras financiam parte de suas atividades com receita própria. O restante depende de aportes financeiros de outras organizações, como universidades e institutos de pesquisa, prefeituras, associações comerciais, fundações, agências de desenvolvimento e o Sebrae.

Outro ponto que chamou a atenção de Cintra é a fraca relação das incubadoras com grupos de investimentos: 50% das empresas incubadas jamais procuraram ou foram procuradas por investidores. "É preciso mudar a ideia de que é pecado buscar recursos porque as incubadoras não são empresas. O Estado vai continuar subsidiando, mas é preciso melhorar essas relações com investidores", afirmou Cintra.

Cintra cita como exemplo o modelo do Cietec, que tem participação de 2% na receita das empresas incubadas que entram em fase comercial, além de acordos com agências de fomento e outras instituições. Segundo Sérgio Risola, diretor executivo do Cietec, mesmo tendo uma alta capacidade de gerar receita própria, a incubadora tem acesso a laboratórios e outros recursos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). "O Estado precisa oferecer esse apoio, mas outras incubadoras também podem reforçar sua capacidade de gerar receita", afirmou.

Risola também disse que as incubadoras poderiam se beneficiar de projetos adequados à Lei de Informática. A legislação permite que a incubadora ou parque tecnológico receba entre 10% e 20% do recurso destinado ao projeto. "Hoje, esse recurso não chega às incubadoras, mas seria uma alternativa para reforçar o caixa e a gestão das instituições", disse.

Cintra informou que o governo do Estado planeja fazer mudanças na legislação para facilitar o acesso das incubadoras a uma série de recursos. O subsecretário também planeja repassar às incubadoras recursos que antes tinham como destino os parques tecnológicos. Nos últimos sete anos, o governo de São Paulo investiu em torno de R$ 100 milhões em parques tecnológicos. "Chegou o momento de deixar os parques se consolidarem e reforçar o caixa das incubadoras", afirmou Cintra.

Sheila Oliveira Pires, superintendente executiva da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), disse que o fechamento de incubadoras atingiu principalmente São Paulo. No país, o total de incubadoras se manteve-se estável neste ano, com 384 entidades.


 




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