A disfunção acomete 25 milhões de brasileiros.
O calor intenso do verão facilita a desidratação de todo o organismo e afeta até nossos olhos. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, isso explica porque nesta época do ano uma das mais frequentes causas de consultas oftalmológicas é a síndrome do olho seco.
“A disfunção atinge 12% da população”, comenta o especialista. Não é pouco. São cerca de 25 milhões de brasileiros na proporção de três mulheres para cada homem. “Na mulher a oscilação ou queda dos estrogênios amenta a predisposição ao olho seco”, observa.
Isso porque estes hormônios têm uma correlação com a produção do filme lacrimal que é formado por três camadas: aquosa, lipídica e proteica. Qualquer alteração em uma dessas camadas provoca a síndrome do olho seco. Por isso, depois da menopausa a população feminina forma o principal grupo de risco para desenvolver a doença. “Nem toda mulher desenvolve porque o distúrbio é multifatorial”, explica o oftalmo.
Novo tratamento
A boa notícia é que que a mais nova terapia para tratar o olho seco é uma tecnologia de luz pulsada que estimula a glândula de meibômio a produzir a camada lipídica do lágrima. “É esta parte da lágrima que regula sua evaporação. Isso explica porque quanto mais avançada é a idade, maior o desconforto visual nas telas eletrônicas. O médico destaca que a nova tecnologia já é utilizada em 40 países e alivia o olho seco logo após a primeira sessão. São necessárias três sessões, sendo uma por mês”, comenta Leôncio.
O oftalmologista ressalta que as principais vantagens da luz pulsada são: combater a causa da disfunção, melhorar a produtividade e diminuir o custo do tratamento a longo prazo.
Causas
O oftalmologista ressalta que o filme lacrimal tem a função de proteger e alimentar a superfície dos nossos olhos. “Hoje todas as faixas etárias estão expostas ao ressecamento da lágrima”. A mais frequente causa ambiental do olho seco é o uso prolongado do computador, tablet ou celular. Dois estudos conduzidos pelo especialista mostram que a fadiga visual e o ressecamento da lágrima atingem 75% das pessoas com até 40 anos de idade, que permanecem por mais de duas horas olhando para uma tela eletrônica e 90% dos que têm idade superior. Outra variável ambiental importante é o uso de lente de contato, principalmente do tipo gelatinosa, que absorva mais lágrima que as rígidas.
No verão, o hábito de tomar pouca água, permanecer muito tempo em ambientes com ar condicionado, tomar sol sem proteger os olhos e praticar atividades físicas em ambientes poluídos também facilitam a maior evaporação da lágrima. Os sintomas do olho seco elencados pelo médico são: vermelhidão, ardência, visão embaçada, coceira e maior sensibilidade à luz. Se a síndrome não for tratada logo no início, a falta de lubrificação da superfície ocular pode causar na córnea cicatrizes, ceratite (inflamação) e agravamento do ceratocone, além de facilitar o aparecimento de conjuntivite e alergia.
Prevenção
No computador tablet e celular – descanse os olhos 5 minutos/hora olhando para um ponto distante e pisque voluntariamente;
Aumente o consumo de água no período menstrual e na pós-menopausa. Isso porque o estrogênio e a progesterona influenciam a hidratação do corpo;
Mantenha o diabetes sob controle. A alta da glicose na corrente sanguínea faz com que o portador de diabetes urine mais. Por isso, se você tem diabetes acompanhe os níveis de glicemia no sangue com seu médico. Além de evitar o olho seco e a desidratação, previne o aparecimento da retinopatia diabética que pode cegar;
Inclua fontes de ômega 3 na dieta: sardinha, salmão, bacalhau e semente de linhaça.