Enquanto muitas companhias farmacêuticas e de biotecnologia estão em busca das vantagens competitivas inerentes à transformação digital, poucos líderes dessas indústrias afirmam já terem feito as mudanças necessárias para se adequar a esse novo momento. No entanto, seu comprometimento com a transformação digital é forte, a experimentação está ocorrendo e muitos estão mudando sua cultura para se adaptarem a um mundo em rápida mudança. Esta é a principal análise da pesquisa Digital Business Global Executive Study da Deloitte, em parceria com o MIT Sloan Management Review.
“O quarto estudo anual descobriu que, enquanto muitas empresas biofarmacêuticas exploram uma variedade de oportunidades digitais – desde engajar consumidores com aplicativos até melhorar as operações com inteligência artificial –, apenas 20% dos líderes disseram que suas empresas estão amadurecendo digitalmente”, ressalta Enrico De Vettori, sócio-líder para Life Science e Healthcare da Deloitte.
A maioria dos líderes de biofarma aponta que suas empresas estão no início de sua jornada (25%) ou desenvolvendo suas capacidades (55%). Embora grande parte das empresas ainda esteja em fase de desenvolvimento, 58% afirmaram que o digital é uma prioridade da alta gerência, com 75% esperando alcançar o valor de suas iniciativas digitais nos próximos cinco anos.
A pesquisa revelou uma série de fatores, incluindo falta de uma visão clara, liderança inadequada e financiamento limitado para a transformação digital. Embora o digital seja uma prioridade para mais da metade das empresas entrevistadas, algumas dizem que suas organizações podem mudar o foco com base no que ouvem dos concorrentes.
Em comparação com outras indústrias que buscam a transformação digital, a biofarmacêutica encontra-se no meio de sua jornada, no que tange a sua maturidade digital. No entanto, o setor está ultrapassando a manufatura, o seguro financeiro e as organizações governamentais nesta jornada digital, mas ficando para trás das empresas de TI, entretenimento e telecomunicações.
Liderança e Desafios de Financiamento
Outro resultado é que muitos funcionários também anseiam por uma visão mais clara da liderança nos esforços digitais de sua organização. Mais de três quartos dos entrevistados (78%) disseram que sua organização precisa encontrar novos líderes para ter sucesso na era digital. Apenas 20% disseram que suas empresas estão desenvolvendo líderes que possuem os recursos necessários para implementar a transformação. Isso significa que as empresas talvez precisem procurar externamente seus líderes digitais. Algumas empresas estão contratando diretores digitais, muitas vezes de outros setores, para liderar este processo de transformação digital.
O estudo também descobriu que muitas empresas biofarmacêuticas não estão dispostas a financiar projetos digitais ou contratá-los com os recursos necessários. Do total de entrevistados, 54% concordaram que o financiamento adequado é um grande obstáculo para as iniciativas digitais.
“As oportunidades para as empresas biofarmacêuticas se transformarem digitalmente e com os diversos atores da cadeia, como pacientes, médicos, sistemas de saúde e pagadores, ou inovar novos produtos ou uma série de outras melhorias são diversas”, avalia Enrico De Vettori. “Mas isso requer uma estratégia sólida, cultura colaborativa e liderança de apoio. Também envolve riscos, que são inerentes a todas as rupturas digitais. As empresas da indústria farmacêutica precisam enfrentar bravamente os riscos, em vez de deixar que as preocupações atrasem seus esforços de transformação”, finaliza.
Metodologia da pesquisa
O Digital Business Global Executive Study 2018 da Deloitte e do MIT Sloan Management Review entrevistou gerentes, executivos e analistas de vários setores e países para entender como as tecnologias digitais estão impactando a estratégia, a cultura, a liderança e o talento das empresas que compõem a indústria farmacêutica.
Realizada de setembro a dezembro de 2017, o MIT e a Deloitte entrevistaram líderes em 28 setores e 123 países. Foram coletados dados de 68 entrevistados de empresas de tamanhos variados da indústria farmacêutica (variando de menos de US $ 1 bilhão até mais de US $ 20 bilhões). Mais de dois terços dos entrevistados eram de fora dos Estados Unidos.