O primeiro mês do ano é dedicado à prevenção, combate e conscientização da Hanseníase, uma doença infectocontagiosa que carrega consigo um preconceito histórico, desde os tempos bíblicos quando era conhecida como lepra e os pacientes eram isolados até a morte.
No entanto, o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia de Mato Grosso do Sul (SBD/MS), Alexandre Moretti, explica que este preconceito é desnecessário, pois a transmissão depende do convívio íntimo e continuo com um paciente multibacilar, ou seja, que esteja em formas avançadas da doença, e que este esteja sem tratamento, além disso, a pessoa que recebe o bacilo precisa ter pré-disposição genética para desenvolver a doença.
“Interrompemos a transmissão do bacilo (Mycobacterium leprae) após 15 dias do ínicio do tratamento. Precisamos conscientizar a população de que buscar auxilio médico aos primeiros sintomas é sempre a melhor opção, pois evitamos que a doença se propague e proporcionamos uma cura sem que haja sequelas”.
Os principais sintomas da hanseniase são: surgimento de manchas despigmentadas (com pouca coloração) e que apresentam perda de sensibilidade: calor, frio, dor e tato, essas áreas podem apresentar sensação de formigamento, fisgadas e dormência. As lesões podem surgir em qualquer parte do corpo, porém é mais comum na face, nádegas, braços e pernas.
Conforme a evolução da doença as lesões tornam-se mais palpáveis e visíveis, pois se transformam em placas, nódulos, podendo ainda atingir nervos e causar dor e perda de força muscular, principalmente em membros inferiores, superiores e rosto. A falta do tratamento pode levar ainda a lesões irreversíveis, como: destruição óssea, lesões nervosas e úlceras.
O diagnóstico é feito por avaliação clínica, e se necessário seguido por exames dermato-neurológicos, biopsias com exames anatomopatológico e pesquisa do bacilo álcool ácido resistentes na linfa.
O tratamento recomendado pelo Ministério da Saúde é a poliquimioterapia, que tem duração em média de 6 meses a 1 ano, mas em casos mais avançados podem chegar a dois anos. Moretti explica também que interromper o tratamento pode ser bastante nocivo pois o bacilo torna-se resistente ao tratamento demandando um tratamento mais prolongado.