Criada há apenas um ano e meio para atender pacientes sem planos de saúde, a rede de clínicas de médico de família Amparo Saúde está atraindo o interesse de operadoras e seguradoras de saúde. A Amil, maior operadora de planos de saúde do país, fechou um contrato para que a Amparo acompanhe a saúde de seus 16 mil usuários.
"Recebemos um valor fixo por paciente e um pagamento adicional conforme a performance, a melhora da saúde desse paciente", disse o alemão Emilio Püschmann, sócio e presidente da Amparo Saúde. Seu sócio é o médico Gustavo Gusso que até o começo deste ano era um dos responsáveis pela área de atenção primária da Amil.
Püschmann e Gusso são os controladores da Amparo que já recebeu duas rodadas de investimento desde a sua criação. Um desses investidores é o pediatra José Luiz Setúbal, da família do banco Itaú e do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. Os dois aportes somam R$ 16 milhões, sendo que R$ 10 milhões foram usados para estruturar o negócio e construção das três primeiras clínicas. A outra parte será destinada à abertura de seis novas unidades na região metropolitana de São Paulo e desenvolvimento de aplicativos e plataformas tecnológicas. Uma terceira captação de investimento poderá ser feita nos próximos dois anos para uma expansão nacional.
A Amparo também trabalha com SulAmérica, Omint, Fesp Unimed e Seguros Unimed, mas nesses casos suas clínicas médicas apenas fazem parte da rede credenciada dessas operadoras e não há gestão da saúde dos usuários como ocorre com a Amil.
É um modelo distinto do projeto inicial da Amparo, que se lançou no mercado como uma rede de clínicas médicas de atenção primária em que o acesso é feito via a adesão a um programa de assinatura. Ou seja, o paciente paga uma mensalidade de R$ 99 e tem direito a uma consulta médica por R$ 10 (clínico geral ou especialista), além de exames médicos e vacinas com um preço de custo, segundo o executivo. Atualmente, a Amparo tem 1 mil pacientes que são assinantes do seu programa e outros 16 mil que são usuários da Amil e, portanto, não pagam a assinatura.
"Todos os pacientes podem acessar seu médico de família pelo WhatsApp para tirar dúvidas. Também enviamos o resultado de exames médicos, nos casos em que o resultado é negativo e não há complicações, pelo aplicativo. Assim, evita-se o gasto com o retorno de consulta, mas fidelizamos o paciente", disse Püschmann, que anteriormente foi diretor da Dr. Consulta, rede de clínicas médicas populares.
Na visão do executivo, o modelo das clínicas populares é ruim porque a maioria dos pacientes paga as consultas (a partir de R$ 95), mas não tem recursos para arcar com os exames. Cerca de 40% dos pacientes da Dr. Consulta não têm condições financeiras para pagar os exames e recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS), cuja fila de espera pode levar meses, fazendo o paciente a desistir do tratamento.
Segundo Püschmann, o paciente vai a clínicas médicas populares 1,2 vez ao ano. Na Amparo, vai cinco vezes, mesmo podendo tirar dúvidas pelo WhatsApp.
Em setembro, a Yalo, uma empresa de assinatura de benefícios de saúde, cujo principal sócio é o próprio fundador da Dr. Consulta, Thomaz Srougi, firmou parceria com a BV Financeira para que seus pacientes tenham acesso a um financiamento que paga exames e procedimentos médicos realizados na Dr. Consulta.