Empresário se aproxima da academia
07/10/2013 - por Eduardo Belo

A imagem de que academia e empreendedorismo quase nunca se bicaram no Brasil começa a ficar para trás. Diferentes iniciativas estão surgindo e prometem uma parceria duradoura e próspera entre educação empreendedora e ensino universitário. As duas principais entidades de fomento ao empreendedorismo brasileiro lideram esse processo e têm até uma iniciativa conjunta. O Sebrae começa este ano a levar a 50 universidades do país - principalmente públicas - o tradicional programa Bota pra Fazer, do Instituto Endeavor.

São instituições de ensino que nem sempre podem arcar com o custo total do pacote de capacitação. A expectativa é que o programa chegue a 35 mil alunos em dois anos, afirma Renata Chilvarquer, gerente de educação da Endeavor.

 

 

A parceria foi firmada depois que uma pesquisa da Endeavor, realizada no ano passado, constatou que 60% dos universitários querem empreender em algum momento, mas só 30% se capacitam para isso. A ideia de levar os programas de capacitação para a academia visa a suprir essa lacuna.

O Bota pra Fazer já foi aplicado pela Endeavor em 57 universidades brasileiras, com 8 mil alunos atingidos. Atualmente, o programa está sendo ministrado em 35 instituições de ensino superior. "Queremos estimular o empreendedorismo no ensino formal", diz Luiz Barreto, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa. "O mundo exige flexibilidade, capacidade de iniciativa e de adaptação a mudanças. Essas são características trabalhadas e desenvolvidas na educação empreendedora".

Somando todos os programas voltados para o ensino superior, o Sebrae vai coordenar 95 cursos em universidades de quase todo o país - em 24 das 27 unidades da federação. Entre os cursos encontra-se o Desafio Universitário Empreendedor, cuja metodologia combina aulas e atividades lúdicas, como jogos eletrônicos. A Universidade Federal de Itajubá (Unifei-MG), uma das contempladas entre os projetos aprovados no Sebrae, adota o empreendedorismo desde 2010 para a graduação em engenharia. Anteriormente, só o curso de administração de empresas tinha a disciplina em sua grade. No ano passado, a Unifei-MG criou seu Centro de Empreendedorismo, onde os alunos podem desenvolver projetos. Este ano foi a vez do projeto Empreendedorismo 360 graus, conjunto de ações para estimular a pesquisa sobre o tema.

Outra tendência em crescimento segue a linha quase oposta. Em vez do rigor acadêmico, muitos candidatos estão buscando formação rápida e prática no ensino à distância. E a demanda tem sido atendida. A Endeavor criou seus cursos on-line este ano e já começa a colher resultados. Em apenas cinco meses, 2 mil empreendedores já foram capacitados, diz Renata Chilvarquer. A entidade tem seis cursos em funcionamento. Outros quatro terão início antes do fim de 2013. A expectativa é que o treinamento via web multiplique o número de favorecidos. "Antes, fazíamos eventos para 500 ou 600 pessoas. Com o on-line, quadruplicamos esse número por quatro e podemos quintuplicar com os novos cursos", diz a gerente de Educação.

O instituto formatou cursos on-line de informação rápida, com carga de 4 a 6 horas no máximo, com aulas quebradas em módulos de 10 a 20 minutos. A preocupação é não prender o aluno por muito tempo. O modelo permite que o empreendedor transite pelos temas de acordo com sua vontade, sem ter de obedecer a uma sequência. O conteúdo foi montado com base em pesquisas. Elas revelaram que gestão financeira é um dos maiores desafios. De acordo com Renata, o nível de satisfação medido após o curso on-line tem sido de 92%. O site da Endeavor recebe 1,9 milhão de visitantes por ano interessados no conteúdo disponível.

O Sebrae já computou 485 mil matrículas em seus programas de qualificação à distância somente este ano. São 31 programas gratuitos, existentes desde 2001 e voltados para o dia a dia da gestão. Os dois cursos mais procurados são o Aprender a Empreender e o Iniciando um Pequeno Grande Negócio, ambos dedicados a empreendedores neófitos. Quem já tem algum tempo de estrada prefere os programas Análise e Planejamento Financeiro e Modelo de Excelência em Gestão. Também tem procura acentuada a capacitação específica para Microempreendedor Individual.

Além dos cursos regulares, o empreendedorismo ganha espaço também em eventos em número cada vez maior. Nos dias 25 e 26 de setembro, por exemplo, a Fiesp e o Senai-SP realizaram o Festival de Empreendedorismo (Festemp). Durante dois dias inteiros, sem intervalo nem mesmo nas madrugadas, o Pavilhão de Exposições do Anhembi em São Paulo foi palco de palestras, workshops e atividades voltadas à formação de novos líderes.

De acordo com Sylvio Gomide, diretor do Comitê de Jovens Empreendedores (CJE) da Fiesp, órgão coordenador do evento, o festival é uma "oportunidade única" para candidatos a empreendedores apresentarem suas ideias a investidores e empresas. Durante o evento foram selecionados jovens executivos e projetos para startup.

Na ação chamada Acelera Startup, com mil projetos inscritos, 300 deles foram selecionados. Ao passar pela "arena de aceleração", os candidatos a empreendedor participantes da atividade foram encaminhados a um programa de capacitação e educação empreendedora, dos quais os dez melhores ganharam o direito de apresentar sua proposta de negócio para uma banca de investidores.





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