A designer carioca Marina Ribas é uma especialista em vitrines. Com mais de 15 anos de experiência no ramo, após trabalhar na equipe interna de grandes cadeias de varejo, como Checklist, onde coordenava a equipe de visual merchandising, ela faz parte de um novo grupo de empreendedores. À frente da Marina Ribas Design, ela desenvolve projetos de vitrines que mesclam conceitos de arte e design, para diversos segmentos de varejo, com ênfase em moda.

"Há uma tendência no mercado que abre, cada vez mais, espaço para empreendedores que queiram focar em projetos de vitrines e display. É curioso porque era comum que cada loja tivesse um profissional responsável pelas vitrines. Hoje vejo muita oportunidade para empresas especializadas em visual merchandising", conta Marina, que desenvolve projetos para joalherias, como a Lior, e varejo focado na moda, como a Maria Filó.

O crescimento do mercado favorece a segmentação. Segundo Marina, há muitas empresas que trabalham para o varejo, mas que também fornecem os materiais que farão parte da composição idealizada pelo lojista.

De acordo com Virginia Moraes, especialista em Design do Senac RJ, o mercado de trabalho para profissionais responsáveis por projetar e executar vitrines está em crescimento. "O comércio está aquecido e, consequentemente, as lojas utilizam a vitrine como apresentação da marca e como divulgação de seu produto de forma diferencial e atrativa ao público consumidor", comenta Virginia.

Esse movimento se intensifica em datas comemorativas, como Natal e Dia dos Namorados, por exemplo. Esta é uma característica do mercado de varejo de Recife, onde atua o arquiteto Anderson Lula Aragão, diretor do Centro de Arquitetura e Design.

Lula Aragão, que direciona seus projetos para a sustentabilidade, é um dos profissionais mais procurados pelo segmento de shoppings da capital pernambucana. "Procuro utilizar matérias-primas sustentáveis, que chamam a atenção do público e garantem um efeito visual muito peculiar", conta. Para Aragão, ainda há muito espaço para o investimento no setor de vitrines. Ele conta que os lojistas, de uma forma geral, ainda não despertaram para o potencial de marketing da vitrine.

"É um mercado em expansão, mas ainda há muito para crescer, a partir da consciência do lojista. Vejo isso no dia a dia. Um comerciante começa a despertar a atenção para valorizar a vitrine geralmente após sentir o impacto de um projeto bem realizado de um concorrente", comenta Aragão.

A consultora de marketing do Sebrae-MG Andreza Capelo ressalta que a vitrine é um instrumento de captação de clientes muito importante para qualquer segmento do varejo, do microempreendedor ao lojista de alcance nacional. "Em Minas, temos observado um interesse maior dos lojistas em valorizar a vitrine, em detalhes, com exposição menos agressiva dos preços. Faz parte do nosso trabalho de consultoria conscientizá-los de que o movimento semanal na vitrine, ainda que seja apenas uma troca de cores, atrai o interesse do consumidor", explica Andreza.

Porém, a consultora diz que a tendência de contratar empresas especializadas em criar novos conceitos para as vitrines, com elementos mais sofisticados ou ideias baseadas no design, ainda é restrito às lojas voltadas para os clientes dos segmentos A e B.

Virginia Moraes comenta que a tendência de empresas especializadas em projetos completos de branding e visual merchandising são mais frequentes nas grandes cidades. "É interessante observar que a chamada nova classe média consome cada vez mais e aquece as vendas no varejo. O comércio de pequeno e médio porte investe em ações voltadas ao produto no ponto de venda, que faz a diferença na hora da decisão de compra. Esse fator promove o aumento da procura por profissionais qualificados na área de vitrinismo."

Segundo a especialista em design do Senac RJ, para ter sucesso neste segmento, as empresas devem expandir sua área de influência, integrando profissionais de outras áreas como designer de interiores e produtores de moda. "Desta forma, podem oferecer diferenciais diante da concorrência."

Marina Ribas destaca que há um ganho para o profissional de vitrinismo que investe em sua empresa e atende diversos projetos. "Cada loja tem uma personalidade e nos força a fazer pesquisas constantes, buscar matérias-primas inusitadas. Recentemente fiz uma escultura em vergalhão retorcido para uma vitrine da joalheria Lior."