O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, iniciou os testes de uma vacina inédita desenvolvida contra o Influenza H7N9, vírus que causa uma nova variedade da gripe aviária.
Identificada pela primeira vez em 2013, a doença causou a morte de 40% das pessoas infectadas na China e tem o potencial de causar uma pandemia, ou seja, uma epidemia de proporções mundiais, se não for controlada, segundo recentes pesquisas.
Desde então, houve cinco surtos da doença no mundo, mas não foi registrado nenhum caso no Brasil, o que coloca o país como um ponto estratégico para o desenvolvimento da vacina, segundo Eduardo Barbosa Coelho, coordenador da unidade de pesquisa clínica do HC em Ribeirão.
“A ideia da gente é estar preparado com a arma efetiva pra combater a doença antes que ela apareça, de forma diferente das doenças infectocontagiosas que nos pegaram de surpresa”, afirma.
A nova vacina foi produzida com base no vírus H7N9 morto replicado em ovos de galinha e fragmentado. O objetivo é testar as doses em 440 voluntários e concluir as avaliações no prazo de um ano, de acordo com o pesquisador.
“A ideia de a pessoa testar é a gente saber se o produto funciona e se a gente pode continuar os testes agora nos pacientes contaminados. Quem for participar do nosso estudo está fazendo um trabalho que antes de tudo é relevante do ponto de vista humanitário, vai estar ajudando a desenvolver um medicamento que pode ser extremamente importante no futuro”, diz.
Interessados em participar da pesquisa ainda podem se apresentar e precisam ter entre 18 e 59 anos, boas condições de saúde e não ter alergia a ovos. As inscrições devem ser feitas pelo telefone (16) 3602-2632.
Coelho afirma que os voluntários, além de terem o suporte da equipe médica do hospital, não correm risco de serem infectados com a doença. Eventualmente, os pacientes podem sentir sintomas comuns da aplicação de uma vacina contra a gripe, como febre, dores musculares e de cabeça.
Vírus H7N9
Diferente do H1N1, ainda não há indícios oficiais de que o vírus H7N9 possa ser transmitido entre seres humanos, mas sim pelo contato direto com aves ou em ambientes de abate de animais contaminados.
Febre alta, tosse e falta de ar estão entre os sintomas associados à doença. Práticas de higiene pessoal nas mãos e nas vias aéreas são algumas das formas de minimizar os riscos de contaminação.
“A maioria das pessoas que se contaminaram na China era de cuidadores de aves, agricultores que lidavam com aves”, explica Coelho.
A doença preocupa a comunidade médica principalmente pela elevada taxa de letalidade registrada até hoje e por se espalhar de maneira discreta entre as aves, que não costumam apresentar sintomas graves.
“A Organização Mundial de Saúde colocou essa doença em alerta e vários países têm tentado desenvolver vacinas, o instituto Butantã de são Paulo de forma promissora conseguiu o desenvolvimento de uma vacina pra esse tipo de doença.”
Por outro lado, os médicos não descartam, no futuro, que haja uma mutação do vírus que permita sua transmissão entre humanos.
“O que estamos tentando fazer é antecipar esse tipo de problema, ou seja, desenvolver a vacina antes que a doença se torne infectante de homem pra homem, com isso, se outros casos aparecerem a gente é capaz de bloquear e impedir que a doença se transforme em uma pandemia, ou seja, uma doença que acomete o mundo como um todo.”