Pequenas doses que salvam vidas
29/10/2018

A volta de casos de sarampo no Brasil — doença que já havia sido eliminada no país e que, este ano, atingiu mais de 2 mil pessoas segundo balanço recente divulgado pelo Ministério da Saúde — acendeu um alerta. Apesar dos esforços do governo federal, dados disponíveis no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI) mostram que os indicadores de coberturas vacinais têm apresentado queda nos últimos anos, acentuando-se em 2017, comparados aos anos anteriores.

A vacinação é a única forma de impedir o retorno de doenças que já haviam sido eliminadas, como a paralisia infantil, por exemplo. Os dados coletados pelo Ministério da Saúde, porém, mostram que parte da população optou por não seguir as orientações do Calendário Nacional de Vacinação e nem participar das campanhas nacionais de imunização.

Ciente da importância da vacinação para os bebês e crianças até 4 anos, a estudante Karoline Carvalho Schueler, de 22 anos, levou o pequeno Vicente, de apenas 2 meses, para vacinar no Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão, na Tijuca, Zona Norte do Rio. O menino tomou as vacinas que imunizam contra poliomielite e rotavírus, além de doses da pneumocócica e pentavalente.

— É melhor prevenir do que tratar a doença. Eu também me vacinei quando estava grávida contra a meningite e hepatite — destaca.

Diversos fatores contribuem para a redução da cobertura vacinal no país. Um deles, por exemplo, é o fato de os pais e responsáveis da geração atual, que foram beneficiados com as bem-sucedidas campanhas de vacinação do passado, não conviverem com essas doenças e acharem que não precisam imunizar seus filhos. São gerações que não vivenciaram os casos de paralisia infantil, sarampo, varíola e difteria.

Somado a isso, os profissionais de saúde não recomendam, de maneira tão enfática, a vacinação e não cobram dos seus pacientes a caderneta de vacinação atualizada. Outro fator é que o funcionamento da unidade de saúde não é acessível a todos por conta do horário de trabalho da população em geral. Apesar de a vacina ser segura, o movimento antivacina, aliado às fake news, também podem contribuir para a redução da cobertura da imunização.

Prevenção em todas as idades

Alheia à corrente, a administradora Edilane Almeida, de 53 anos, sempre aderiu às campanhas nacionais de vacinação. Ela também esteve no Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão, onde tomou a primeira dose da vacina contra Hepatite B, por recomendação médica.

— Deu uma alteração no meu exame e o médico pediu que eu tomasse as três doses. Mas sempre acompanho todas as campanhas. Estou em dia com a febre amarela e a gripe. Compartilho da ideia da necessidade de imunização da população. Se existe, não é à toa — afirma Edilane.

Quando uma parte da população deixa de ser vacinada, criam-se grupos de pessoas suscetíveis, que possibilitam a circulação de agentes infecciosos. Eles trafegam e se multiplicam, afetando os que escolheram não se vacinar, mas também aqueles que não podem ser imunizados, seja porque ainda não têm idade suficiente para entrar no calendário nacional, ou porque sofrem de algum comprometimento imunológico. No site do Ministério da Saúde, é possível acessar o calendário nacional de vacinação, que disponibiliza doses de imunização contra mais de 20 doenças, em todas as faixas etárias.

Fonte: O Globo




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