Quase um ano depois de chegar à Europa com a aquisição de um laboratório farmacêutico na Sérvia, a brasileira EMS segue em busca de ativos no exterior para dar escala a sua operação internacional. Desta vez, a empresa do grupo NC está na disputa pela unidade de genéricos da israelense Teva com sede na Islândia, a Medis, segundo fontes com conhecimento do assunto.
Há cerca de um mês, a Bloomberg informou que, além da brasileira EMS, estavam no páreo pelo ativo a farmacêutica sueca Recipharm e fundos de private equity, em uma transação que poderá girar entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão. O Valor apurou que as conversas prosseguem e a EMS segue entre as interessadas no ativo. Procurada, a farmacêutica brasileira informou que não comenta rumores de mercado.
Maior fabricante de genéricos no mundo, a Teva anunciou em agosto do ano passado que estava em busca de um comprador para a Medis, como parte da estratégia de vender ativos para redução de dívida. A Medis foi incorporada pela farmacêutica israelense com a compra da Actavis, negócio de genéricos da Allergan, concluída em agosto de 2016. No Brasil, o plano de venda de ativos da Teva resultou na transferência da Actavis Brasil para a Biolab.
A Medis, que desenvolve medicamentos genéricos para outras companhias farmacêuticas, tem operações e fábricas na Islândia, Alemanha, França, Espanha, Itália, Polônia, Brasil e Austrália. A expectativa, segundo a Bloomberg, é de fechamento de uma potencial transação ainda em 2018.
No início do ano, a farmacêutica brasileira, que lidera o mercado de genéricos, fez uma oferta pela Zentiva, pela unidade europeia de medicamentos genéricos da Sanofi. No entanto, o negócio ficou com a gestora Advent International, que concluiu a aquisição da Zentiva em 30 de setembro por 1,9 bilhão de euros, em valor de empresa. Meses antes, a EMS havia vencido uma licitação pelo laboratório estatal sérvio Galenika, mediante investimento de 46,5 milhões de euros. Depois dessa compra, a brasileira teria voltado as atenções a novas oportunidades na Europa.
Segundo fontes próximas à farmacêutica brasileira, internacionalização e inovação estão no centro das prioridades. Além da Galenika, a EMS constituiu em 2013 uma empresa de inovação radical nos Estados Unidos, a Brace Pharma, que acaba de solicitar o registro de seu primeiro produto ao Food and Drug Administration (FDA) - um dispositivo portátil de óxido nítrico inalatório para tratamento da hipertensão pulmonar resistente em recém-nascidos A EMS tem ainda, desde 2006, um acordo técnico-científico com o laboratório de pesquisa italiano MonteResearch.
Ao mesmo tempo, a empresa, que teve receita líquida de R$ 3,5 bilhões no ano passado, tem investido em novas tecnologias e ampliação da capacidade instalada no país.
No ano passado, a EMS produziu 650 milhões de caixas de medicamentos e deve alcançar 700 milhões de unidades neste ano. Para 2019, a previsão é elevar o volume produzido a 850 milhões de unidades e chegar à marca de 1 bilhão de caixas após a conclusão de um projeto que envolve também a adoção da indústria 4.0 em suas unidades fabris.
Em julho, outra empresa do grupo NC, a Novamed, assumiu a operação da gaúcha Multilab, colocada à venda pela farmacêutica japonesa Takeda no ano passado, já com planos de expansão.