Diante de um cenário com cerca de 250 mil turistas de saúde por ano, com potencial de chegar a dois milhões até 2030 no Brasil, o setor hoteleiro precisa estar preparado para atingir essa fatia do mercado. Quartos adaptados, tarifas com desconto e funcionários com treinamento especial são algumas das medidas tomadas por redes hoteleiras para atender este público.
O dado é da Associação Brasileira de Turismo de Saúde (Abratus), que sinaliza a necessidade de mais estímulos para que esse ramo cresça de forma sustentável. Para atingir a meta até 2030, as parcerias do Ministério do Turismo são essenciais.Para aproveitar este mercado, a rede de hotéis Transamérica realiza adequações tanto em infraestrutura quanto em serviços.
O pacote Transamérica Health oferece benefícios aos hóspede-pacientes como tarifa com desconto, café da manhã no apartamento e convênio com farmácias das redondezas.Além disso, a rede oferta quartos de grandes dimensões, para acomodar famílias e acompanhantes. “O hotel Transamérica Prime Paradise Garden, próximo ao hospital HCOR, por exemplo, conta apartamentos de até 100m², com cozinha completa, lavanderia e diversos ambientes”, afirmou, por meio de assessoria, o grupo.
O hotel Radisson também começou, há cinco anos, preparações para o turismo de saúde: 5% dos quartos foram reformados para terem mais espaço e acessibilidade. A rede também oferece, no caso de hóspedes-pacientes, a possibilidade de atendimento com o ‘guest relation’, uma espécie de concierge que dá dicas, faz check-in dentro do apartamento e atua com atendimento personalizado. “O turista de saúde é o turista de mais alto luxo que o brasil pode receber, ele gasta em média dez vezes mais do que turistas convencionais, contrata dezenas de serviços a mais também e permanece por mais tempo”, comenta a presidente da Abratus, Julia Lima. Ela acrescenta que, para atender essa clientela, os hotéis precisam ter uma estrutura de atendimento tão boa quanto as instalações.
Segundo o consultor de saúde da Deloitte, Enrico De Vettori, em relação à estrutura hoteleira ligada à cuidados, o Brasil ainda tem um caminho de oportunidades a alcançar. “Este é um nicho atraente por tratar-se de hóspedes que têm uma maior permanência e demandam mais serviços internos, aumentando, assim, o tíquete médio”, explica.
A gerente geral do Radisson Vila Olímpia, Giuliana Laganá, diz que os hóspedes-pacientes não costumam gastar muito mais que outros clientes, a única diferença, segundo ela, é que eles costumam consumir as refeições sempre dentro do hotel e gastam mais com lavanderia. “O tempo de permanência dessas pessoas é de três a quatro dias e o aumento no tíquete médio para de outros visitantes corresponde a menos de 20%”, analisa.
No caso da rede Transamerica, há um grande público voltado ao turismo de saúde, principalmente em hotéis próximos aos hospitais como Albert Einstein, Sírio Libanês e Oswaldo Cruz. O grupo afirmou, também por meio de assessoria, que a permanência destes hóspedes pode ultrapassar um mês e, consequentemente, acabam gastando mais que outros clientes.
Dados da Abratus apontam que o tempo médio da maioria dos hóspedes-pacientes é de duas a quatro semanas, representando 48% do total. Além disso, 86% destes turistas viajam acompanhados, e 24,5% gastam, em média, entre US$ 10 mil a US$ 20 mil.
Tendências e certificação De Vettori analisa o cenário futuro com otimismo: “Estamos ficando mais maduros em questão de medicina, o que traz tanto investimentos imobiliários quanto hoteleiros.” Para ele, o Brasil caminha à uma tendência, já observada na Europa, de turismo de longa permanência impulsionado por tratamentos de saúde.
A fim de facilitar a identificação de hotéis adaptados, a Abratus lançou uma certificação para as redes que desejam atrair, de forma mais profissional, esta clientela. Para receber o certificado, os prestadores de serviço realizam uma candidatura e, se aprovados, recebem o documento. Segundo a assessoria, a divulgação dos aprovados será realizada em novembro deste ano.