Uso de plano de saúde subiu 33% desde 2012
14/09/2018
Em cinco anos, a frequência de uso na rede de saúde particular avançou 33%. Se em 2012 cada beneficiário de planos recorreu aos serviços disponíveis 21,1 vezes, em 2017 as utilizações/ano por paciente alcançaram 28,1.

As informações são de um estudo encomendado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) com objetivo de “botar na mesa o dado real” que influencia a alta de custos do setor, segundo a diretora-executiva da entidade, Martha Oliveira.

“O que realmente impactou o crescimento real nos custos de saúde foi o aumento da frequência de beneficiários”, sinalizou a sócia-fundadora da Compass Consultoria (responsável pelo estudo), Laura Porro.

Segundo os dados, entre 2012 e 2017 o gasto total com saúde suplementar cresceu R$ 48,9 bilhões em valores constantes, atingindo R$ 171,9 bilhões no ano passado ante R$ 122,9 bilhões cinco anos antes. Desse montante, 70% (ou R$ 34,3 bilhões) estariam diretamente associado à alta na frequência.

“Esse crescimento não vem dos beneficiários nem do [aumento no] custo unitário, que está bem perto da inflação”, prosseguiu Laura, citando alta, entre 2012 e 2017, de 7,4% ao ano no gasto por evento – que atingiu R$ 109 ante R$ 76,4. No mesmo período, o número de beneficiários cresceu pouco: de 47,1 milhões para 47,3 milhões.

A mesma recessão que impediu um aumento significativo na base da saúde suplementar pode ter sido um dos fatores que incentivaram uma busca maior por procedimentos pelos pacientes.

“No momento de crise a pessoa tem medo de perder o plano de saúde no mês seguinte. Isso traz um aumento na frequência”, argumentou Martha Oliveira.

Efeito semelhante seria causado pelo downgrade, ou a diminuição da cobertura de planos. “Se a pessoa sabe que o plano não vai mais cobrir o oculista que ela está acostumada, ela antecipa o procedimento”, completou Laura Porro, da Compass Consultoria.

Outros fatores citados pela diretora da Anahp são o próprio modelo de remuneração “que leva a aumento de frequência constante, pois os incentivos são para isso” e que “prefere remunerar a ineficiência do que a eficiência”.

A divulgação dos números pela Anahp pode ser consideradas resposta a dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) divulgados dia 5 e que traziam a perspectiva de operadoras de planos.

De acordo com o material, contas hospitalares e exames indevidos, fraudes e desperdícios teriam R$ 27,8 bilhões em gastos durante 2017, ou 19,1% das despesas médico-hospitalares pagas pelas operadoras de planos no ano passado.

Entre as categorias de serviços verificadas pela Anahp, o maior aumento de frequência de uso foi verificado nos exames complementares: em 2012, a média anual de eventos por beneficiário era 12,4. Em 2017, o uso passou para 17,3 eventos ao ano – em alta de 39,8% no intervalo.

De acordo com Laura Porro, o impacto financeiro da tendência seria ainda maior “se o valor unitário dos exames não tivesse caído”. Em valores constantes, os custos unitários com o procedimento caíram 1,7% ao ano de 2012 a 2017, influenciados pela maior carga de exames mais baratos, tecnologia e efeitos de negociação com contratantes.

No caso das consultas médicas, a frequência anual passou de 5,2 eventos em 2012 para 5,7 em 2017 (10,4% de alta em cinco anos), com alta anual de 3,1% no custo unitário dentro do mesmo período. A demanda por terapias, por sua vez, passou de 1,1 evento/ano para 1,6 no ano passado, registrando assim alta de 51,9% na procura acompanhada por aumento anual de 6,2% no custo unitário com os procedimentos. Já os chamados “outros serviços ambulatoriais” passaram de 2,4 eventos/ano em 2012 para 3,3 em 2017. Além da busca 39,7% maior, os custos com a categoria subiram 1,4% ao ano.

Menos suscetível à procura e encaminhamentos indiscriminados, as internações aumentaram menos: de 0,16 eventos anuais por beneficiário em 2012 para 0,17 realizados ano passado. Já o custo unitário com procedimentos do gênero alcançou a cifra de R$ 8.197 em 2017 – ou uma alta anual de 3,4% desde 2012.
 
Fonte: DCI




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